O DIFÍCIL CAMINHO, AS PROVAS E AS INICIAÇÕES
O Difícil Caminho - Há certos momentos na trajetória do Caminho Reto em que o caminhante se encontra diante de uma grande encruzilhada, de onde ele não sabe para onde ir: se para frente ou para traz; se para a esquerda ou direita.Este é o Caminho do Fio da Navalho , Caminho da Cristificação, é o Difícil Caminho que conduz ao Absoluto. A este caminho referiu Jesus Cristo, dizendo que ele é estreito, cheio de espinhos e poucos são os que passam por ele.
As Provas - Todo estudante espiritualista que anele a auto-realização, a liberação das leis que nos acondicionam ao mundo da materialidade, em certo momento, em dado ponto da trajetória do conhecimento, encontra com a Gnose, adentra à universidade do saber holístico, que se constitui no ponto de partida do Caminho Reto. Ai ele recebe orientação, teórica e prática, de como se proceder em direção à liberação final. Se o conhecimento recebido for devidamente praticado, este estudante é convocado a prestar conta de seu aprendizado nos mundo internos, onde será submetido inicialmente as provas: do Guardião; da Água; da Terra; do Ar e do Fogo.Sefor vitorioso adentraráàs Iniciações de Mistérios Maiores ou Venustas.
Da enorme quantidade de estudante que recebe os ensinamentos gnósticos no mundo inteiro, alguns poucos praticam-no. Dos que praticam, poucos dão a nota certa. Os que dão a nota certa são chamados fazer as provas. Dos que fazem as provas, poucos são os que passam e dos poucos que passam, pode-se contar nos dedos de uma só mão os que trilham a trajetória do Caminho Reto até o fim e chega de fato à Iniciação Venusta, cristificando-se.
Portanto, se a gente estudante gnóstico ainda não foi convocado a prestação de provas nos mundos internos, apesar de haver recebido os ensinamentos da gnose, ter lidos os mais diversos livros do Veneráveis Mestres, participados dos mais variados rituais, ter feitos as mais diferentes práticas, mesmo sendo Instrutores, Sacerdotes, Missionários, etc, é porque ainda a gente não deu a nota certa e nem vamos dar, se não refizermos a nossa trajetória de caminhada, revolucionarmos a nossa conduta, enquanto caminhantes.
Iniciações - Se o estudante sair bem nas provas iniciais, ele é convocado a adentrar às Iniciações Venustas ou Iniciações de Mistérios Maiores.
Para saber no que consiste e o que fazer para se sair bem em cada uma das mencionadas provas, vamos ler, refletir e praticar as orientações contidas nos textos abaixo, extraídos na íntegra dos livros dos Veneráveis Mestres Samael Aun Weor e Rabolú:
O DIFÍCIL CAMINHO -"Inquestionavelmente existe um lado obscuro de nós mesmos que não conhecemos, ou não aceitamos. Devemos levar a luz da Consciência a esse lado tenebroso de nós mesmos.
Todo o objetivo de nossos estudos gnósticos é fazer com que o conhecimento de nós mesmos se torne mais consciente.
Quando temos muitas coisas, em nós mesmos, que não conhecemos, nem aceitamos, então tais coisas nos complicam a vida espantosamente e provocam, na verdade, toda sorte de situações que poderiam ser evitadas mediante o conhecimento de si.
O pior de tudo isto é que projetamos esse lado desconhecido e inconsciente de nós mesmos em outras pessoas e então o vemos nelas.
Por exemplo: vemo-las como se fossem embusteiras, infiéis, mesquinhas, etc., em relação com o que carregamos com o nosso interior.
A Gnose diz, sobre este particular, que vivemos numa parte muito pequena de nós mesmos. Significa isso que nossa Consciência se estende só a uma parte muito reduzida de nós mesmos.
A idéia do trabalho esotérico gnóstico é a de ampliar claramente nossa própria Consciência.
Indubitavelmente, enquanto não estejamos bem relacionados conosco mesmos, tampouco estaremos bem relacionados com os demais e o resultado será conflitos de toda a espécie.
É indispensável chegar a ser muitíssimo mais consciente para consigo mesmo, mediante uma direta observação de si.
Uma regra gnóstica geral no trabalho esotérico gnóstico é que, quando não nos entendemos com alguma pessoa, poderemos ter a segurança de que esta é a própria coisa contra a qual é preciso trabalhar sobre nos mesmos.
O que se critica tanto nos outros é algo que descansa no lado obscuro de nos mesmos, e que não se conhece, nem se quer reconhecer.
Quando estamos em tal condição, o lado obscuro de nós é muito grande; porém, quando a luz da observação de si ilumina esse lado obscuro, a Consciência acresce mediante o conhecimento de si.
Essa é a Senda do Fio da Navalha, mais amarga que o fel. Muitos iniciam, muito raro são os que chegam à meta
Assim como a Lua tem um lado oculto que não se vê, um lado desconhecido, assim também sucede com a lua psicológica que carregamos em nosso interior.
Obviamente, tal lua psicológica está formada pelo ego, o eu, o mim mesmo, o si mesmo.
Nesta lua psicológica carregamos elementos inumanos que espantam, que horrorizam e que de modo algum aceitaríamos ter.
Cruel caminho é este da AUTO-REALIZAÇÃO ÍNTIMA DO SER. Quantos precipícios! Que passos tão difíceis! Que labirintos tão horríveis!.....
Às vezes, o caminho interior, depois de muitas voltas e reviravoltas, subidas horripilantes e perigosíssimas descidas, se perde em desertos de areia, não se sabe por onde segue e nem um raio de luz o ilumina.
Senda cheia de perigos por dentro e por fora. Caminhos de mistérios indizíveis onde só sopra um hálito de morte.
Neste caminho interior, quando um crê que vai muito bem, em realidade vai muito mal.
Neste caminho interior, quando um crê que vai muito mal, sucede que marcha muito bem.
Neste caminho secreto existem instantes em que já nem sabemos que é o bem, nem que é o mal.
O que normalmente se proíbe, às vezes resulta que é o justo. Assim é o caminho interior.....
Todos os códigos morais, no caminho interior, ficam sobrando. Uma bela máxima ou um formoso preceito moral, em determinados momentos pode converter-se num obstáculo muito sério para a Auto-Realizaçao Íntima do Ser.
Afortunadamente, o Cristo Íntimo, desde o próprio fundo de nosso Ser, trabalha intensivamente, sofre chora desintegra elementos perigosíssimos que em nosso interior levamos.
O Cristo nasce como um menino no coração do homem; porém, à medida que vai eliminando os elementos indesejáveis que levamos dentro, vai crescendo, pouco a pouco, até se converter num Homem Completo".
A INICIAÇÃO E AS PROVAS - "A Iniciação é a sua própria vida. Se você quer a Iniciação, escreva-a sobre uma vara. Quem tiver entendimento que entenda, porque aqui há sabedoria. A Iniciação não se compra e nem se vende. Fujamos das escolas que dão iniciações por correspondência. Fujamos de todos aqueles que vendem iniciações. A Iniciação é algo muito íntimo da Alma. O Eu não recebe iniciações. Aqueles que dizem, "Eu tenho tantas e tantas iniciações", "Eu possuo tantos e tantos Graus", são mentirosos e farsantes, porque o "Eu" não recebe Iniciações nem Graus.
Existem nove Iniciações de Mistérios Menores e cinco importantes Iniciações de Mistérios Maiores. É a Alma que recebe as Iniciações. Trata-se de algo muito íntimo, que não se anda dizendo e nem se deve contar a ninguém.
Todas as iniciações e graus que são conferidos por muitas escolas do mundo físico não têm realmente nenhum valor nos Mundos Superiores. Os Mestres da Loja Branca só reconhecem como verdadeiras as legítimas Iniciações da Alma. Isso é uma coisa completamente interna.
O discípulo pode subir as nove arcadas, pode atravessar todas as nove Iniciações de Mistérios Menores, sem haver trabalhado com o Arcano A.Z.F. (a Magia Sexual). Todavia, é impossível entrar nos Mistérios Maiores, sem a Magia Sexual (Arcano A.Z.F.).
No Egito, todo aquele que chegava à Nona Esfera, recebia inevitavelmente de lábios a ouvidos o segredo terrível do Grande Arcano (o Arcano mais poderoso, o Arcano A.Z.F.)".
O GUARDIÃO DO UMBRAL - "A primeira prova que deve defrontar o candidato é a prova do Guardião do Umbral, que é o reflexo do Eu, a íntima profundidade do Eu. Muitos são os que fracassam nessa terrível prova. O candidato tem que invocar ao Guardião do Umbral nos mundos internos. Um espantoso furacão elétrico precede à terrível aparição. A larva do Umbral está armada de um terrível poder hipnótico. Realmente, este monstro possui toda a horrível fealdade dos nossos próprios pecados. É o espelho vivo de nossas próprias maldades. A luta é espantosa, frente a frente, corpo a corpo. Se o Guardião vence o candidato, este fica escravizado pelo horrível monstro. Se o candidato sai vitorioso, o monstro do Umbral foge aterrorizado. Então, um som metálico faz estremecer o Universo e o candidato é recebido no Salão dos Meninos.
Isto faz-nos recordar aquela frase do Hierofante Jesus, o Cristo: "Em verdade, vos digo, se não vos transformardes e vos fizerdes como meninos, não entrareis no reino dos céus".
No Salão dos Meninos, o candidato é homenageado pelos Santos Mestres. A alegria é imensa por haver um ser humano entrado na Senda da Iniciação. Todo o Colégio de Iniciados (Meninos) felicita o candidato vitorioso. O candidato derrotou o Primeiro Guardião. Esta prova realiza-se no mundo astral."
SEGUNDO GUARDIÃO - "O Guardião do Umbral possui um segundo aspecto. O aspecto mental. Devemos saber que a mente do homem ainda não é humana; encontra-se na etapa animal. Cada qual tem no plano mental a fisionomia animal que lhe corresponde, conforme o seu caráter. O astuto é ali uma verdadeira raposa. O passional parece-se com um cão, ou um bode, etc.
O encontro com o Guardião do Umbral no plano da mente é ainda mais espantoso e mais horrível que no plano astral. Na verdade, o Segundo Guardião é o Grande Guardião do Umbral Mundial.
A luta com o Segundo Guardião costuma ser horrível. É o candidato quem deve invocar o Segundo Guardião no plano mental. Este vem precedido de espantoso furacão elétrico. Se o candidato sair vitorioso, é recebido com muito carinho no Salão dos Meninos do plano mental. Se fracassar, torna-se escravo do horrível monstro. É nesta larva que se acham personificados todos os nossos delitos mentais."
TERCEIRO GUARDIÃO - "O encontro com o Terceiro Guardião realiza-se no mundo da vontade. O Demônio da Má Vontade é o mais terrível dos três. Todo mundo faz sua vontade pessoal, mas os Mestres da Loja Branca só fazem a Vontade do Pai; assim nos céus como na terra. Quando o candidato sai vitorioso na terceira prova, é novamente homenageado no Salão dos Meninos. A música é inefável... A festa, solene..."
O SALÃO DO FOGO - "Depois que o candidato venceu nas três provas básicas do Guardião da Imensa Região, tem então que entrar no Salão do Fogo, onde os seus veículos internos são purificados pelas chamas."
PROVAS DO FOGO, DO AR, DA ÁGUA E DA TERRA - "No velho Egito dos Faraós essas quatro provas deviam ser defrontadas valorosamente no mundo físico. Atualmente o candidato deve passar as quatro provas nos Mundos supra-sensíveis."
PROVA DO FOGO - "Esta prova é para aquilatar a serenidade e a doçura do candidato. Os iracundos e coléricos fracassam inevitavelmente nesta prova. O candidato vê-se perseguido, insultado, injuriado, etc. Muitos reagem violentamente e voltam ao corpo físico completamente fracassados.
Os vitoriosos são recebidos no Salão dos Meninos e homenageados com música deliciosa, a Música das Esferas. As chamas horrorizam os fracos."
PROVA DO AR - "Aqueles que se desesperam com a perda de alguém ou de algo, aqueles que temem a pobreza, aqueles que não estão dispostos a perder o mais querido, fracassam na Prova do Ar. O candidato é lançado no fundo do precipício. O fraco grita e volta ao corpo físico horrorizado. Os vitoriosos são recebidos no Salão dos Meninos com festas e homenagens."
PROVA DA ÁGUA - "A Grande Prova da Água é realmente terrível. O candidato é jogado ao oceano e crê afogar-se. Aqueles que não sabem adaptar-se às mais variadas condições sociais da vida, aqueles que não sabem viver entre os pobres, aqueles que depois de naufragarem no oceano da vida, rechaçam a luta e preferem morrer, são os fracos que, inevitavelmente, fracassam na Prova da Água. Os vitoriosos são recebidos no Salão dos Meninos com festas cósmicas."
PROVA DA TERRA - "Nós temos que aprender a tirar partido das piores adversidades. As piores adversidades nos oferecem as melhores oportunidades. Devemos aprender a sorrir ante as adversidades - essa é a Lei.
Aqueles que sucumbem de dor em face das adversidades da existência não conseguem triunfar na Prova da Terra.
Nos mundos superiores o candidato vê-se entre duas enormes montanhas que se fecham ameaçadoramente. Se o candidato grita horrorizado, volta fracassado ao corpo físico. Se se mantém sereno, sai vitorioso e é recebido no Salão dos Meninos com grande festa e imensa alegria."
INICIAÇÕES DE MISTÉRIOS MENORES - "Quando o candidato consegue vencer em todas as provas de introdução à Senda, tem pleno direito de entrar nos Mistérios Menores. Recebe-se na Consciência Íntima cada uma das nove Iniciações de Mistérios Menores. Se o estudante tiver boa memória, poderá trazer ao cérebro físico a recordação dessas Iniciações. Não sendo boa a memória do candidato, o pobre neófito ignora no mundo físico tudo o que aprende e recebe nos Mundos Superiores. Os que não querem ignorar no físico nada do que lhes sucede na Iniciação têm que, forçosamente, desenvolver a memória. O candidato deve desenvolver urgentemente a sua memória. É mister também que o candidato aprenda a sair conscientemente em corpo astral. É urgente que o candidato desperte a Consciência."
As nove Iniciações de Mistérios Menores constituem a senda probatória. As nove Iniciações de Mistérios Menores são para os discípulos à prova. Os discípulos casados que praticam com o Arcano A.Z.F. passam muito rapidamente nestas nove Iniciações elementares. O discípulo solteiro que se mantém absolutamente casto passa também nas nove Iniciações, porém mais lentamente. Os fornicários não podem receber nenhuma Iniciação.
INICIAÇÕES DE MISTÉRIOS MAIORES - "Existem cinco grandes Iniciações de Mistérios Maiores. Existem sete serpentes. Dois grupos de três com a coroação sublime da sétima língua de fogo que nos une com o Uno, com a Lei, com o Pai. Necessitamos subir a escada setenária do fogo.
A Primeira Iniciação se relaciona com a primeira serpente. A Segunda Iniciação com a segunda serpente. A Terceira Iniciação com a terceira serpente. A Quarta Iniciação com a quarta serpente. A Quinta Iniciação com a quinta serpente. (As sexta e sétima pertencem a Buddhi, ou Alma Consciência e Atman ou Íntimo do ser humano)."
PRIMEIRA INICIAÇÃO DE MISTÉRIOS MAIORES - "A primeira serpente corresponde ao corpo físico. É necessário levantar a primeira serpente pelo canal medular do corpo físico. Quando a serpente atinge o campo magnético da raiz do nariz, o candidato chega à Primeira Iniciação de Mistérios Maiores. A Alma e o Espírito comparecem ante a Grande Loja Branca sem os corpos de pecado e em plena ausência do Eu. Eles se olham, se amam e se fundem como duas chamas que, ao se unirem, formam uma só chama. Nasce assim o Divino Hermafrodita. Este recebe um trono para mandar e um templo para oficiar. Devemos nos converter em Reis e Sacerdotes da Natureza, segundo a Ordem de Melchisedek. Quem recebe a Primeira Iniciação de Mistérios Maiores, recebe a Espada Flamígera que lhe dá poder sobre os quatro elementos da Natureza.
É necessário praticar intensamente Magia Sexual para levantar a Serpente sobre a vara, tal como o fez Moisés no deserto. O Amor é a base e o fundamento da Iniciação. É necessário saber amar. A luta pela subida da serpente é muito difícil. A serpente deve subir lentamente de grau em grau. São trinta e três vértebras, portanto, trinta e três graus. Os tenebrosos nos atacam terrivelmente em cada vértebra. O Kundalini sobe muito lentamente, de acordo com os méritos do coração. Necessitamos acabar com todos os nossos pecados. É urgente percorrer a senda da mais perfeita Santidade. É indispensável praticar Magia Sexual sem desejo animal. Não somente devemos matar o desejo, mas também a própria sombra do desejo. Necessitamos ser como o limão. O ato sexual deve converter-se numa verdadeira cerimônia religiosa. Os ciúmes devem ser eliminados. Saibam que os ciúmes passionais liquidam a paz do lar."
SEGUNDA INICIAÇÃO DE MISTÉRIOS MAIORES - "A segunda serpente sobe muito dificilmente pelo canal medular do corpo etérico. Quando a segunda serpente atinge o campo magnético da raiz do nariz, o Iniciado entra no templo para receber a Segunda Iniciação de Mistérios Maiores. É bom advertir que a humana personalidade não entra no Templo, pois fica na porta arranjando os seus negócios com os Senhores do Karma.
No interior do Templo, o Íntimo crucifica-se junto com seu corpo etérico. Ou seja, o Íntimo veste-se com o corpo etérico para a crucificação. Assim é como o corpo etérico é cristificado. Na Segunda Iniciação nasce o Soma Puchicon, o Traje de Bodas da Alma. O Corpo de Ouro.
Este veículo é constituído pelos dois éteres superiores. O corpo etérico tem quatro éteres: dois superiores e dois inferiores. Com o Traje de Bodas da Alma podemos penetrar em todos os departamentos do Reino. Esta Iniciação é muito difícil. O estudante é severamente provado. Se sair vitorioso, brilha o Sol da Meia-Noite e dele desce a estrela de cinco pontas com seu olho central. Estrela essa que pousa sobre a cabeça do neófito para aprová-lo. O resultado da vitória é a Iniciação."
TERCEIRA INICIAÇÃO DE MISTÉRIOS MAIORES - "A terceira serpente sobe pelo canal medular do espectro astral. A terceira serpente deve atingir o campo magnético da raiz do nariz e depois de lá descer até o coração por um caminho secreto, no qual existem sete câmaras santas. Quando a terceira serpente chega ao coração, nasce então um belíssimo menino, o Astral Cristo. O resultado de tudo isto é a Iniciação. O neófito deve passar em corpo astral por todo o drama da Paixão do Cristo. Deve ser crucificado, morto e sepultado. Deve ressuscitar e também deve descer ao abismo e lá permanecer durante quarenta dias antes da Ascensão.
A cerimônia suprema da Terceira Iniciação recebe-se com o Astral Cristo. Aparece sobre o altar Sanat Kummara, o Ancião dos Dias para conferir-nos a Iniciação.
Todo aquele que alcança a Terceira Iniciação de Mistérios Maiores recebe o Espírito Santo.
É necessário saber querer à mulher para alcançar esta Iniciação. A união sexual deve ser plena de imenso amor. O falo deve entrar na vulva sempre com muita suavidade, para não maltratar os órgãos da mulher. Cada beijo, cada palavra, cada carícia deve estar completamente isenta de desejo. O desejo animal é um obstáculo gravíssimo para a Iniciação.
Muitos puritanos, ao lerem estas linhas, nos qualificarão de imorais. Entretanto, essa gente não se escandaliza com os bórdeis e com as prostitutas. Insultam-nos, mas não são capazes de se lançarem aos bairros onde vivem as prostitutas para pregar-lhes a boa lei. Odeiam-nos, porém não são capazes de se incomodarem com seus próprios pecados. Condenam-nos porque pregamos a religião do sexo, mas não são capazes de condenar sua própria fornicação. A humanidade é assim."
QUARTA INICIAÇÃO DE MISTÉRIOS MAIORES - "Quando a quarta serpente conseguiu subir pelo canal medular do espectro mental, acontece então a Quarta Iniciação de Mistérios Maiores. A quarta serpente atinge também o entrecenho e depois desce até o coração.
No mundo da mente, Sanat Kummara dá sempre as boas-vindas ao candidato, dizendo: "Haveis vos libertado dos quatro corpos de pecado. Sois um Buddha. Haveis penetrado no Mundo dos Deuses. Sois um Buddha. Todo aquele que se liberta dos quatro corpos de pecado é um Buddha. Sois um Buddha. Sois um Buddha. Sois um Buddha".
A festa cósmica desta Iniciação é grandiosa. Todo o mundo, todo o universo se estremece de alegria, exclamando: "nasceu um novo Buddha". A Divina Mãe Kundalini apresenta seu filho no templo dizendo: "Este é meu filho muito amado. Este é um novo Buddha. Este é um novo Buddha. Este é um novo Buddha". As Santas Mulheres felicitam o candidato com um beijo santo. A festa é terrivelmente divina. Os grandes Mestres da Mente extraem, dentre o espectro mental, o formoso Menino da Mente Cristo, que nasce na Quarta Iniciação de Mistérios Maiores. Todo aquele que recebe a Quarta Iniciação ganha o Nirvana, que é o Mundo dos Deuses Santos. Quem alcança a Quarta Iniciação recebe o Globo do Imperador da Mente, sobre o qual resplandece o signo da Cruz.
A mente deve ser crucificada e estigmatizada na Iniciação. No Mundo da Mente cintila o Fogo Universal. Cada uma das trinta e três câmaras da mente nos ensina terríveis verdades."
QUINTA INICIAÇÃO DE MISTÉRIOS MAIORES - "A quinta serpente sobe pelo canal medular do embrião de Alma que temos encarnado. A quinta serpente deve chegar ao entrecenho e descer depois até o coração. Na Quinta Grande Iniciação nasce o Corpo da Vontade Consciente. Todo aquele que nasce no Mundo da Vontade Consciente encarna sua Alma, inevitavelmente. Todo o que encarna sua Alma converte-se num verdadeiro Homem com Alma. Todo verdadeiro Homem imortal e completo é um verdadeiro Mestre. Antes da Quinta Iniciação de Mistérios Maiores ninguém deve ser denominado com o título de Mestre.
Na Quinta Iniciação aprendemos a fazer a Vontade do Pai. Devemos aprender a obedecer ao Pai. Essa é a Lei.
Na Quinta Iniciação, devemos decidir-nos por um dos dois caminhos, ou ficarmos no Nirvana gozando da dita infinita do Sagrado Espaço, que não tem limites, compartilhando com os Deuses Inefáveis, ou renunciarmos a essa imensa dita e continuarmos vivendo neste vale de lágrimas para ajudar à pobre humanidade doente. Esta é a Senda do Dever, longa e amarga. Todo aquele que renunciar ao Nirvana por amor à humanidade, depois de Nirvanas ganhos e perdidos por amor à humanidade, ganhará mais tarde a Iniciação Venusta.
Todo aquele que recebe a Iniciação Venusta encarna o Cristo Interno. No Nirvana existem milhões de Buddhas que não encarnaram o Cristo. É melhor renunciar ao Nirvana por amor à humanidade e ter a dita de encarnar o Cristo, porque o Homem Cristo entra nos mundos de super-nirvânica felicidade e mais tarde no Absoluto."
A INICIAÇÃO E AS PROVAS
( Por VM. Rabolú)
"Nesta noite vamos falar sobre a iniciação e as provas. Quando se entra no caminho iniciático, e já se está começando a trabalhar, vem-nos uma série de provas terríveis, porque nos têm que provar em todo sentido, para ver se merecemos ou não merecemos seguir escalando.
Essas provas... provam-nos no econômico, provam-nos com a família, provam-nos com a honradez, melhor dito, com tudo. Aí é onde nos tiram a prova de Irene. O Mestre creio que fala dessa prova. A prova de Irene é sobre a luxúria.
Bem, agora lhes vou enumerar umas quantas provas, assim, a vôo de pássaro, porque não podemos esmiuçar todas, porque é uma série de provas e acontecimentos terríveis. E o pior de tudo isto, porque, quando nos vão provar, nem pela nossa mente passa que o corpo astral, nem a Gnose, nem nada, senão, atua-se com a consciência que se tem aqui fisicamente, porque uma prova não no-la vão tirar inconscientemente. Despertam a consciência com que se atua aqui e se acredita que a prova é aqui.
Se se está consciente, perde-se a consciência no astral, do astral, para atuar já como se atua fisicamente. De modo que antes de começar a receber a primeira iniciação, são meses, até anos que nos provam, tirando-nos provas diariamente. Isso não é... é como uma disciplina, porém terrível, e aí é onde nos vale, para sair bem nessas provas, vale-nos o trabalho psicológico da morte em marcha. Essa é a que nos ajuda a nos defender, para sair bem na provas.
Porque, é que as provas grandes, passa-as qualquer um. Por exemplo, a prova do guardião, passa-a qualquer um. As quatro provas, da terra, fogo, água e ar, passa-as qualquer um. As provas diminutas, pequeninas, que, não, não... essas são as mais perigosas e aí é onde fica a maior parte dos iniciados, nessas provas, porque não se crê que é prova. Ah! Com pegar, encontrar dez centavos... e que valem dez centavos? Perde-se uma prova. Com isso já se perde uma prova.
Provam-nos com a família; sim, que nos provam aí, com esse fator família. Ai, ai, ai! Isso é terrível e são as provas mais dolorosas para nós. As provas com a família.
Vou lhes fazer uma narração a vôo de pássaro. Acontece que uma vez passei por uma prova, pela prova da família. Eu tinha Hugo, que era o filho maior. Tinha como uns seis ou sete anos. Eu estava em Ciénaga, eu regressava para casa, quando lá onde Marcos Hortúa deu a notícia que Hugo havia morrido, que havia morrido o meu filho.
Bem, eu disse: Isto será brincadeira, porém, uma brincadeira muito pesada, dizia eu.
Eu me fui, duvidando em todo o caminho. Quando cheguei a uma parte donde se via para a casa, vejo todo o pátio cheio de gente, de luto, de preto. Cheio.
Então eu disse: Sim, vai ser certo. Vai ser certo!
Bem, pois eu segui. Quando cheguei, ia chegando à casa, saiu minha mulher, chorando e gritando e me contando. Eu não contestei nada e disse: Vou ver para comprovar.
Cheguei. Sim, estavam-no velando numa mesa; velando-o aí. Cheguei e o toquei. Voltei e saí para fora, calado. Eu não disse nada. Então me reclamava a mulher aí, reclamava-me e dizia: "Era certo que eu não queria este filho!".
Então, voltei-me e lhe disse eu:
– De que filho está me falando você? Disse ela:
– Do que está aí, morto! Disse-lhe:
– Nós fabricamos esse revestimento, que foi o que morreu. O de dentro não morreu; e, ademais, esse que você diz filho, é parte da humanidade, porque nós somos a grande família. Então, eu não sei de qual filho você me está falando. Esse é filho de Deus, o mesmo que é qualquer ser humano.
Apagou-se aquela fita de luto, de tudo isso. Puras hierarquias me estavam provando aí; puras hierarquias, para ver se eu derramava lágrima ou não. Eu reagi bem, já havia compreendido essa parte. Então, não, não tive nenhum problema.
Porém, observem vocês, como nos provam e se acredita que isso é certo e se acredita que é aqui e agora. Uma prova dura!... Provam-nos a ambição, tudo. Melhor dito, em todo sentido. É uma disciplina rigorosa para se poder entrar no caminho iniciático. Se não, não passa, e por um detalhezinho se pode ficar aí.
Vou-lhes contar um detalhe dessa época em que eu estava na disciplina para entrar no caminho iniciático. Encontrava-me em Barranquilla, no armazém Ley, com outro amigo. Disse-me:
– Acompanha-me que eu vou comprar uma caneta de que necessito.
Eu não ia comprar, senão acompanhá-lo. Meti-me na loja com ele. Chegamos a um compartimento onde vendiam só canetas. Olhou-as. E eu tinha duas canetas em meu bolsinho. Eu peguei essas coisas e colhi uma. Olhei-a assim. Voltei e a pus aí.
E passamos a outro mais, em que vendiam canetas mais finas. Conclusão: Ele comprou lá. Porém, comprando lá, disse-me a senhorita que atendia aí:
– Veja, senhor, ficou-lhe a caneta.
Sabendo eu que não era a minha e uma caneta dessas a peso, quando isso era a peso, uma bagatela aí, desprezível, e digo eu. Fui e recebi a caneta e digo:
– Obrigado, senhorita, veja, assim é que se coloca as canetas! Pondo-a aqui no bolsinho, disse para mim: Já tenho três canetas!
Mais ou menos aos dois metros que já saímos do... que saímos, aos dois metros... Prumm! Uma prova! Aí fiquei no caminho iniciático. Aí fiquei, por uma canetazinha que valia um peso nessa época.
Provas sutis. Então, para isso nos serve a morte em marcha, para sair bem em todas essas provas que nos aplicam. Sem a morte em marcha não se dá um passo, porque a gente põe cuidado nas provas grandes e nas pequenas não. E aí, nas pequenas, é onde fica todo iniciado; nas pequenas, porque não crê que seja prova.
Aí, por exemplo, a mim me chamaram, por exemplo, à Igreja Gnóstica, para me fazer um pagamento por meu trabalho; ir, eu, para a Igreja e encontrar dez centavos, ver dez centavos, recolher os dez centavos, não há ninguém, recolhê-los... Bem, já perdeu a prova. Por dez centavos! Que valem dez centavos?
E é que nos provam em todo sentido. Não é conto. Então essa disciplina da morte dos detalhes, é muito importante para sair bem nas provas iniciáticas, e foi quando eu comecei esse método da morte, porque eu sempre ficava nos detalhes, esses detalhes, para o caminho iniciático, então eu ficava estancado. Então, eu comecei a me detalhar, porque eu não sabia que era morte, que isso era morrer. Então eu comecei a tirar-me detalhes. Saía bem nas provas lá e estava morrendo ao mesmo tempo.
Observem, com um só trabalho estava fazendo dois: Morrendo e passando as provas iniciáticas. Por isso é que eu tenho muito carinho por esse trabalho. Francamente!
Então, já se dão conta, vocês, da urgência de se traçar sua própria disciplina, ir-se polindo. Os Mestres também o chamam polir. Esse trabalho dos detalhes é o polir. Temos que nos ir polindo pouco a pouco, tirando-nos todos esses resíduos de maldade, do ego, ir tirando. Do contrário nunca se pisará o caminho iniciático. Jamais! Se não se começa por aí.
Isso é importante e básico para qualquer pessoa que queira verdadeiramente escalar a iniciação. Tem que começar por aí, a se polir.
Essa Primeira Iniciação de Mistérios Maiores; bem, aí se entrou e se ganhou. Começa a Segunda. E a Segunda, para os varões, traz cárcere. Essa iniciação traz cárcere para todo mundo.
O Mestre Samael passou pelo cárcere. Na Segunda ele passou pelo cárcere. Eu não passei, porque a mim me pegou essa iniciação, por lá, no Equador, num povoadozinho, quando fui para abrir, longe de Guayaquil, onde fui para abrir, trabalhando na Obra.
Fui a um povoado em que não havia nada, sem saber como era, para ver como eu levantava um grupo. Lá me pegou esse grau, e por isso escapei do cárcere. Por isso eu escapei! Ou, se não, teria que passar pelo cárcere também; isso cabe aos homens. Às mulheres, às damas não. Existe preferência. Para nós, sim, há cárcere, para as damas não.
Ao Mestre Samael o tiveram preso em Ciénaga. Em Ciénaga o tiveram preso, por haver curado um enfermo, sim, a ele o mantiveram preso e foi quando passou essa lniciação.
Então, estão entendendo o rigoroso e o delicado que é o caminho iniciático? Não é conto de que tenho tantas iniciações e a gente atuando como qualquer externo, não. Necessita-se de muita disciplina para poder começar o caminho iniciático. Porém, muita, muita. Provam-nos o orgulho. Tudo isso no-lo provam.
Vou-lhes contar como me provaram, uma das tantas vezes, porque não somente uma vez nos provam. Uma mesma prova no-la aplicam em diferentes formas e muitas vezes.
Fizeram-me ver que vivia numa cidade e eu era da alta sociedade. Tinha muito dinheiro. Ia pela rua, quando recebi um cartão convite para um palácio, onde se reunia toda a sociedade. A mim não me agradavam as reuniões essas, porém, disse: Eu, pela parte social, vou ir.
Chego lá, música dançante, bêbados gritavam; bem, uma desordem. Eu me meti, bailava uma que outra peça, tomei três goles de vinho. Não tomei mais e os outros, sim, tomavam e, bêbados, gritavam. Bem, feitos um merengue e eu não.
Pela uma da tarde me deu fome e saí para um terraço. Na frente havia um ranchinho de quatro estacas cravadas, um de palhazinha, assim fina, e dois velhinhos, desses a quem temos que moer a água para que a tomem. Bem, saí eu aí, quando saíram mais dois ou três de dentro. Então os velhinhos me fizeram sinal assim para lá. Uma velhinha e um velhinho. Então eu olhei os outros, para ver se era um dos outros ou não. Então, diziam que, sim, eu. Faziam-me sinais de que sim.
Fui. Parou o baile. Todo mundo saiu para rir, para assobiar e para me fazer sinais, porque eu ia atender os velhinhos.
Observem vocês, eu tinha uma vestimenta novinha, chapéu, sapatos, tudo novo. Bem, cheguei onde estavam os velhinhos. Cheguei e os saudei, para ver. Eu pensava que me iam pedir um favor, alguma coisa. E eles? Não! Convidaram-me para almoçar em prato de madeira, colher de pau, a mesa era o solo... "Ai que pena, que, se os acompanhava no almoço".
V.M. – Como não! Com muito prazer!
Eu olhava toda essa sociedade... tão vão aquilo. Eles se riam e não houve mais músicas nem mais baile, todos rindo-se, apontando-me... Bem, zombavam de mim. A mim não me importou nem um pouquinho isso.
Serviu-me o almoço e disse a velhinha:
– Porém, onde o ponho? Não temos uma mesinha! Disse-lhe:
– Não senhora! Cheguei e me sentei nesta posição aqui, assim, assim. Tirei o chapéu e o pus em cima da terra, porque era terra, terra e pus o prato aqui e almocei. Comi um prato e me disse a velhinha:
– Queres mais?
– Como não! Eu como outro pouquinho.
O cozido era de puras ervas, puros vegetais. Nem carne nem nada, senão puros vegetais. Comi outro pouco. Eu me pus a conversar com os velhinhos um tempo. E essa gente lá zombando: Gritavam, assobiavam, de tudo. E eu aí, tranqüilo.
Quando já conversamos meia hora depois do almoço, parei, sacudi o chapéu, sacudi as calças que estavam todas empoeiradas, dei-lhes os agradecimentos e a velhinha me disse:]
– Ai, senhor, eu que lhe ia rogar um favor. Disse-lhe:
– Vamos ver, às ordens! E me disse:
– Que o íamos convidar para a ceia, que, se nos acompanhava...
– Claro! Como não! Aqui estou para a ceia. A que horas aqui venho?
Despedi-me e me fui. Caminhei uns três metros, quando aquele baile eram puras hierarquias. O par de velhinhos era um Mestre e uma Mestra, passando-me a prova da vaidade, do meu orgulho. Imaginem! Então, sim, se formou a grande festa, por haver passado essa prova. Aí, sim, já é uma festa de verdade. Fazem-nos uma recepção.
De modo que, o que se vai ganhando, vão nos pagando em graus ou iniciações. É trabalho suadinho! A nós não regalam nem isto!... Nada nos presenteiam. Tudo tem que ser ganho. Como? Transformando-se. Do contrário não pode passar ninguém, não se dá um passo no caminho iniciático.
E, ante as hierarquias, pois, lá valem são os fatos e não as palavras. As boas ou más intenções não as têm em conta, senão fatos.
Como se examina, no tribunal, a uma pessoa, a um casal, ou o que seja ou a quantidade que seja? Por seu trabalho. Que fez você? Então, vem a medida da coluna, da balança e do livro. Três coisas são utilizadas aí para julgar uma pessoa. Então, sim, está-se perdido por todo lado. Fora, já!
Então, são fatos e não palavras. Aqui as boas ou más intenções não se tem em conta. São os fatos, bons ou maus.
Para se chegar a uma iniciação tem que se passar uma série de coisas muito terríveis, muito terríveis! Compreender o processo da morte; que é o que morre, que é que não morre; o processo da família. Qual família? Se ante as hierarquias...
Pergunte você a um Mestre, a qualquer Mestre... "Veja e meu irmão que...". "Qual irmão?". Perguntam-lhe, assombram-se. Dizem: "Qual irmão?". Porque nós somos uma grande família. Isso está reconhecido ante as hierarquias. Não família, núcleos, aí não são a grande família. Todos, toda a humanidade. Então, tudo isto o temos que ir compreendendo muito bem para a iniciação.
Por exemplo. Fazem-nos ver que se morreu no interno, que se está morto. Estão nos velando, está-se num caixão aí. Porém, a gente se vê lá. Não é o esqueleto. Mentiras! Porque, o que está morto lá é um defeito nosso. E choram e padece todo mundo. Choram, desesperam-se... E a gente está feliz, vendo que já vão enterrar esse elemento, um elemento psíquico. Essa é a morte lá. Morre algo inferior, para nascer algo superior dentro de nós.
Todos esses processos, temos que compreendê-los muito bem. Não intelectualmente, porque intelectualmente não nos serve para nada. É compreendê-lo a fundo.
Se me querem fazer alguma pergunta sobre o tema, estamos falando sobre a iniciação, não? Estamos falando da iniciação do fogo, quando já se vai empreender o caminho iniciático.
P. – Mestre, com respeito ao do cárcere, na Segunda Iniciação. Ou seja, o iniciado pode ir na rua, sem que não tenha feito nada, nada mau; pegam-no?
V.M. – Não, o importante disso é que o metem, metem o iniciado sem haver cometido nenhum delito. Por qualquer coisa o metem; porém, tem que passar pelo cárcere. Porque , uma coisa é chegar e roubar uma grande quantidade de dinheiro, ou lograr, e que o metam por um delito desses. Pois, já não se pode dizer que é um grau. Não? Senão, sem cometer erro; caluniam-nos por qualquer coisa e nos metem no cárcere, até que passa o grau, porque um grau desses dura nove dias.
P. – Nove dias se permanece no cárcere?
V.M. – Nove dias. Não? E há vezes que mais. Porém, o processo da iniciação dura nove dias.
P. – Isso quer dizer que passar ao cárcere, se se entra no cárcere sem motivo, quer dizer que se superou a prova ou que se falhou com a prova?
Se a alguém o encerram no cárcere, sem haver feito absolutamente nada, e entra no cárcere, isto quer dizer que superou a prova? Que passou a prova?
V.M. – Não, que está passando a prova iniciática. Está passando por ela. Se protesta ou se desespera, perde-a, perde-a!
P. – Tem os que guardar silêncio?
V.M. – Sim, fazer a vontade do Pai! Não nos fica outro caminho aí.
P. – Mestre, a uma pessoa sentimental, custa-lhe muito. Praticamente não pode entrar no caminho da iniciação.
V.M. – Não, não pode, porque, com uma lágrima que assoma, já ficou afastado, até que...
Sabe o que nos dizem os Mestres, quando se perde uma prova lá, a que seja? "Vai à escola para aprender! Não sabes nada!". A escola é aqui, no plano físico. Aqui é a escola onde temos que ir superando todas essas debilidades nossas. Não? É aqui, e somente com os detalhes podemos começar bem o caminho iniciático, sem problemas.
P. – Mestre, quando o senhor nos contou, faz um momento, que, quando esteve no Equador, escapou do cárcere, quer dizer que foi um privilégio?
V.M. – Porque eu estava fora da Colômbia, lá não tinham como me meter no cárcere. Porém, passei ao cárcere e lhes vou contar como:
Um povoadozinho aí, Salitre? Como é que se chama? Está como seis a oito horas de Guayaquil.
P. – Salinas.
V.M. – Salinas! Passa um rio por toda a extremidade do povoadozinho. Bem, eu me fui para lá. Peguei minha maleta e meus livros e me fui, para ver se formava um grupo ou alguma coisa. Lá me pegou esse grau.
Fui buscar um hotel. Não havia.
Bem, fecharam-se todas as portas e economicamente estava eu, porém, mal, mal. Então me apontaram uma casa que havia. Uma casa com paredes de bambu, os quais picam e fazem como uma esteira, uma coisa assim. E o piso era disso e as paredes o mesmo; e o vento passa. direitinho. Por debaixo passava o rio. Sem coberta, sem travesseiro, sem nada.
Eu me estendia nessas esteiras, punha um jornal e o travesseiro era o braço. E um frio!... Que eu parecia morrer de frio. Eu amanhecia e não podia parar de pé, porque me doía, estava encarangado. Toda noite era assim. Amanhecia, estava rígido, até que me acalentava o sol, no outro dia, era que vinha a me levantar e assim... E comendo por aí banana ou leite, ou alguma coisa assim, porque não tinha com que mandar fazer um almoço.
E assim passei nove dias. Ao nono dia se abriram todas as portas. Já me deixaram um teatro para ditar umas conferências todas as tardes, grátis. O próprio dono do teatro me convidava. Formei um grupo rapidíssimo aí. Porém, depois que passaram os nove dias. Antes dos nove dias, nada. Tudo fechado.
P. – Então, são duas maneiras de passar o cárcere: Ou o cárcere dos policiais, ou o cárcere político, ou o cárcere que o senhor...
V.M. – Ei, não! Passa pelo cárcere! Esse sofrimento meu, desses nove dias lá, foi como um cárcere, praticamente. Porém, não era cárcere, porque eu estava livre! Mmmm!
P. – Quando uma pessoa, por exemplo, passou por ali, antes de estar na Gnose, inclusive, suportando-o bem e tal. Isso já se considera uma prova?
V.M. – Não, porque antes de se passar pelo cárcere, vem uma série de provas terríveis. Por todo lado nos provam
P. – Ou seja, já se estando na Gnose, chamam-nos, por exemplo, nos ajudam, dizem: "Olhe, neste cárcere existem umas pessoas que querem escutar a Gnose", por exemplo, não? Então nos ajudam, chamam-nos. Não é que ele diga: "Eu vou dar a Gnose e assim passo a prova!".. Não? Isso poderia ser também?
V.M. – Não! É que nos metem, acusando-nos de um delito que não se cometeu. É nos acusando!
P. – Mestre, nesta compreensão de profundidade, não intelectual, da qual o senhor fala, como pode ser conseguida? Através da meditação?
V.M. – Não, isto é através do trabalho com os três fatores; trabalho de três fatores. Assim a gente se vai polindo e vai adquirindo conhecimento. Porque as bases, num momento desses, são o conhecimento que se tem, que se adquiriu por meio da morte, pois se vai liberando consciência; vai-se saindo, através de toda essa série de provas, vai-se saindo bem, porque nos vamos polindo.
P. – Se existe o caso, por exemplo, de algumas pessoas que trabalham de secretário e tal e o chefe lhes diz: "Diga a alguém que não estou", por exemplo. Não? Como fica essa pessoa, quando vai, a quem vem, e lhe diz: "Não está", posto que aí há uma mentira. Verdade?
V.M. – Porém, tem qe cumprir ordens, porque senão o despedem e então a papada se embolota
P. – Porém, Mestre, dizer mentiras, não é por fanatismo, porém, dizer mentiras, não é pecar contra o Pai?
V.M. – Toda mentira é pecar contra o Pai. Porém, ao se começar, pois, nos cabe isto... O caso, por exemplo, da secretária, falemos, ou secretário, pois se está começando o caminho e tem que se mentir enquanto isso. Já mais adiante, é de acordo com a responsabilidade do iniciado, já mais adiante, mentir, é grave. No começo, pode fazê-lo, sim.
P. – Mestre, e por dizer uma mentira, por exemplo, por dizer a verdade pode-se também sofrer um percalço com uma autoridade policial, por exemplo, porque se diz a verdade.
V.M. – Não, e olhe quantos! É que, olhe, de acordo com as circunstâncias, quantas vezes estão buscando um fulano e a gente poderia dizer "homem, não sei!". Pode havê-lo visto e se vai e se diz, "sim, está lá em tal parte" e vão e o matam. Não se carrega culpa aí? É que de acordo com as circunstâncias se deve atuar. Não? Porque assim aconteceu aqui na Colômbia muitas vezes isso. A pessoa, para não mentir, diz, "sim, eu o vi, em tal parte está". Vão e o matam, por conta de quem o divulgou.
P. – Mestre, essas são as que se chamariam mentiras piedosas
V.M. – Por exemplo, numa coisa dessas tal, o mesmo; diz-se: "Homem, não o vi!".Uma mentira piedosa. De modo que estão vendo vocês que o caminho iniciático é estrito e rigoroso.
Agora, por exemplo, como lhes estou dizendo, começando, passa-se mal cozido, aí se passa cambaleando. Porém, já nas outras iniciações, já tem que ser muito rigoroso. É tudo muito rigoroso.
P. – Mestre, quando o senhor nos dá este relato desta prova pela qual o senhor passou, quando diz que foi convidado pela alta sociedade de gente muito ilustre, quando o chamaram para comer, estes dois Mestres, é nesta existência, no físico, ou é em outra dimensão a história que o senhor nos conta?
V.M. – Não, isso é em outras dimensões. Porém, quando se está passando por uma prova dessas, nos fazem ver que se está em carne e osso aqui. Lá se atua com a mesma consciência com que se atua aqui. De modo que, pois, inconscientes não nos vão aplicar uma prova dessas. Então nos despertam a consciência com que se atua aqui e se crê que é em carne e osso que se está. Se qualquer um nos diz: "Veja, está em corpo astral!". Não o acreditamos. Cremos que é fisicamente que se está. Atua-se com plena consciência, como se fosse físico.
A gente vem a se dar conta da prova, quando já regressa ao corpo físico, que se despertou. Diz-se: "Vê, aplicaram-me uma prova!". Porém, lá se crê que é em carne e osso que se está.
P. – Mestre, quem aplica essas provas. É o Mestre Samael? É o Mestre Rabolu?
V.M. – As hierarquias todas, todas, todas.
P. – Essas provas também se refletem fisicamente. Verdade, Mestre?
V.M. – Também fisicamente.
P. – Mestre, às vezes acontece que a prova é primeiro astral e depois física?
V.M. – Ou o inverso: Primeiro aqui, depois, lá.
P. – Estão, de certo modo, relacionadas?
V.M. – Sim, porque, se atuamos aqui, se atuamos bem, saímos bem lá. Se atuamos mal aqui, lá se reflete também.
P. – A base é o mundo físico?
V.M. – É a morte, sim, é a morte e muita compreensão. Por isto é que o gnóstico deve ser detalhista; deter-se em qualquer detalhe.
P. – Sim, por isso é que isto que o senhor nos diz dos detalhes e da morte em marcha, não é somente pedir pela eliminação desse defeito, senão também deter-se, às vezes, para fazer uma breve análise?
V.M. – Claro! Sempre nos devemos deter ante um fato, qualquer que seja; olhar o pró e o contra das coisas, o positivo e o negativo, porque tudo se desenvolve pela dualidade. Então, deve-se examinar profundamente o que se vai fazer, que resultados, que repercussão tem contra nós ou a favor. Não atuar assim à deriva por aí, não. Sempre nos devemos deter.
É como um negócio. Um negócio tem sua parte positiva e sua parte negativa. Então, muitas vezes fracassam, porque vêem a parte positiva e não examinam a parte negativa. Então vem o fracasso.
Assim acontece com as provas, com tudo. Sempre nos devemos deter. Sim, o que diz o Mestre é uma tremenda realidade, que a própria natureza é um livro aberto para ser estudado. A formiguinha, o mosquito, a abelha, enfim, todas essas coisas diminutas nos dão ensinamento.
O que acontece é que nós, por nosso orgulho, passamos desapercebidos ante todas essas coisas. Porém, se nos pomos a estudar, encontramos sabedoria em tudo, porque eu o estou fazendo assim, faz muito tempo.
Agrada-me deter-me ante qualquer coisa, para examinar, para ver. Em tudo existe ensinamento. Então, o que acontece é que se caminha e não se olha senão o grande e ao diminuto não lhe pomos cuidado.
P. – Porém, o exame que se tem que fazer. Conseqüência: Pode haver um ato, não é feito intelectualmente, é feito com a consciência?
V.M. – Com a consciência. E, se olhamos, sempre tudo se desenvolve pela dualidade. Sempre existe a dualidade em tudo. Então, olha a parte negativa e a positiva. Que repercussão tem a positiva ao fazer tal coisa. Que repercussão tem a negativa. Não? Se se pode desenvolver contra nós ou não, ou contra outra pessoa. Sim, temos que fazer uma análise muito profunda. Tudo!
P. – Por que esse vício de fazer especulações?
V.M. – Porque, observe você, muitas vezes, como não se distingue, não se faz diferença do bem e do mal. Muitas vezes se faz um mal, crendo que está fazendo um bem. Por isso nos devemos deter, para examinar o que se vai fazer primeiro. Examinar tudo bem.
P. – Mestre, as provas dos elementos da natureza tem uma ordem fixa, ou os Mestres decidem para qual prova está pronto ligeiro o discípulo?
V.M. – Não, eles, de acordo com a preparação que nos vamos dando, do estudo das coisas e a nossa regeneração, vêem quando estamos preparados para aplicar tal ou qual prova. Eles são os que definem.
P. – Antes de entrar na Primeira Montanha, também aparecem grandes demônios para nos deter?
V.M. – Tudo, tudo! É que desde o momento em que se começou o caminho iniciático, já está a loja negra em cima de nós.
P. – Em que consiste esta prova de Irene, da qual o senhor nos fala?
V.M. – A prova de Irene é um salão imensamente grande, onde se entra só.. Por exemplo: Aqui temos uma fileira de camas, porém, imensamente longa. Aqui há outra. Aqui há um corredor estreito, onde existem mulheres belíssimas, desnudas todas, lutando para nos pegar para a fornicação. Porém, temos que ir até a extremidade do salão. Entrar e sair sem sequer nos cruzar um pensamento maligno. Então, na porta, quando já se sai triunfante, é que os Mestres nos recebem, felicitando-nos, porque é uma prova muito dura.
Essas mulheres que estão aí, não são qualquer boba, feia, por aí. São belezas, sim!
P. – Em que parte vem essa prova? Em que iniciação?
V.M. – Essa no-la aplicam muitas vezes, sim, senhor! Na Primeira, na Segunda; porém, vêm muitas vezes essas provas. Muitíssimas! Não é uma vez só. E para a mulher também, é o inverso. Essa prova é a mais braba, ah, a de Irene. Mulheres desnudas totalmente... não, não! É que é a prova difícil!
P. – Mestre, uma coisa é chorar e não passar uma prova. Porém, também existe, por exemplo, o choro, porque a pessoa se dá conta de sua situação interior, e chora porque compreendeu...
V.M. – Quando alguém se vê interiormente como está, pode chorar de tristeza. De tristeza por ver como se está por dentro.
P. – Isso já é outra coisa?
V.M. – Já isso é muito diferente.
P. – Que chama o senhor estudar? Estudar é pegar o texto...
V.M. – Compreender, compreender a fundo.
P. – Mestre, que relação tem, no trabalho esotérico de cada um de nós, que relação tem os dez mandamentos que a Bíblia nos deixou, com o labor (trabalho) esotérico?
V.M. – Com a morte, melhor dito, com os três fatores, vamos cumprindo os dez mandamentos. Enquanto não se trabalhe com os três fatores, está-se violando os mandamentos. São os três fatores que nos levam ao cumprimento dos mandamentos. Se não se trabalha com esses três fatores, está-se violando os mandamentos inevitavelmente. Porque, quem faz violar os mandamentos? Os nossos eus, essa legião. Se começamos a lhe dar duro, a eliminar essa legião, também começamos a cumprir os mandamentos.
P. – Mestre, é uma coisa muito notória, que, quando nos levantamos da cama, os eus entraram em nós e nós começamos a atuar. Então, começa o dia. Aí, creio eu, que é uma das partes mais difíceis. Como se começa o dia, porque esses eus entram dentro da pessoa e se essa pessoa começa mecanicamente...
V.M. – Não, porém, é que os eus, não é que entrem. Por exemplo, você está fora de seu corpo, na quinta dimensão, que é onde mais nos desenvolvemos. Então, aqui no físico, ficou a parte tridimensional e o corpo vital; e a personalidade fica ambulando. Então esses eus, de que fala você, é quando entra no astral com seu mental e sua legião. Então, não é que vão entrando um a um, senão é que aí vem é o bloco, sim? Sim, em bloco.
É como quando se fala da mente. Eu não sou partidário de falar da mente, porque, a qual mente nos referimos, se temos milhares, milhões de mentes? Cada eu tem sua mente própria, pensa por si mesmo. Então de que mente falamos nós? Hem? Se temos muitíssimas mentes. De instante em instante vai mudando, cada eu pensa de uma maneira, não? Então, não podemos falar de uma mente.
Já, quando se chegou à cristificação, sim, pode-se dar o luxo esse de falar da mente, porque ele já tem uma mente, verdadeiramente uma mente Cristo. Porém, como estamos nós, são milhares de mentes.
P. – Mestre, a gente se pode preparar aqui, fisicamente, com as provas de Irene, já que a mulher e o homem tem essas provas? Tanto o homem como a mulher estão expostos fisicamente, já seja pela olhada ou por...
V.M. – Não, não, é que o perigo está aqui, por isso o chamam os Mestres, ao planeta, aqui, a escola, onde temos que aprender tudo, e superar tudo. Por isso se diz: A escola é aqui onde estamos, rodeados de perigo por todo lado.
P. – Mestre, esta prática da morte em marcha também se pode mecanizar. Como podemos fazer para fazê-la conscientemente, para que não se mecanize?
V.M. – Em momentos em que se manifestou um detalhe desses, por diminuto que seja, apela-se à Mãe Divina. Sem se estar manifestando, para que se vai apelar à Mãe Divina, se não se está manifestando nenhum nesses momentos? É com uma manifestação, para não mecanizar, ou, se não, torna-se uma mecânica.
P. – Porém, ainda que não se sinta nada, ou seja, vê-se que está saindo a ira e se pede à Mãe Divina, ainda que não tenha sentido o mínimo...
V.M. – Sim, porém, já esse princípio de ira, porque lhe fizeram, ou porque viu, ou porque olhou, já existe uma forma de apelar à Mãe Divina, porque já existe um princípio de manifestação; porém, sem haver manifestação, para quê? Assim não se mecaniza.
P. – Mestre, vou dar-lhe um exemplo: Uma mulher casada e um senhor casado, que vão ao aposento de um hotel, dormem juntos, cada um em sua cama. Um numa cama, a pequena em outra cama. Segundo o senhor, isto é uma prova de Irene, uma recorrência cármica, ou é adultério?
V.M. – Isso é qualificado mais de adultério.
P. – Ainda que não se veja nada, porém, o fato de que as duas pessoas venham e durmam no mesmo aposento?
V.M. – Já há adultério, porque, se não se adultera de fatos, adultera-se com a mente.
P. – De que modo se pode atuar?
V.M. – Melhor, nesses casos, separação de peças. É o melhor. Dormir separadamente em dois aposentos diferentes.
P. – Perdão, ou seja, que não se apresente a situação que ela está dizendo, ou seja, que não se apresente esse caso?
P. – Não, se a situação já se apresentou. Um pessoa que viu uma coisa assim, como deve atuar, de repente, numa situação deste tipo?
V.M. – Se a mim me acontecesse um caso desses, eu me separaria, iria a outro aposento. Iria a outro aposento, porque com candeia não se pode brincar, porque se queima. Queima-se! E isto é brincar com candeia.
P. – Desculpe que insista, Mestre. Ponhamos o exemplo: Se eu vejo esta situação com as pessoas que referi anteriormente, de frente com a lei, diante da própria sociedade, isto é um encobrimento. Segundo o senhor, é melhor denunciá-lo, avisar os respectivos marido e mulher, ou é melhor ficar calado?
V.M. – Melhor é avisar. Por exemplo: sua senhora dormiu com um fulano de tal, que é casado, em tal parte, e vice-versa, para que se acabe a situação de uma vez. Porque, se não, fica sendo cúmplice. Se se cala é cúmplice e o cúmplice paga também.
P. – E se são gnósticos, tem que se denunciá-los às autoridades superiores, não?
V.M. – Claro! Denunciá-los no grupo ao qual pertencem estas pessoas. Aí mesmo denunciá-los ante a Junta. Aí mesmo se os denuncia e a Junta está no dever de expulsar imediatamente a essas pessoas. Expulsá-las do Movimento.
P. – Ainda que nesta situação não se tenha visto nada, além de...
V.M. – Não Importa! Não importa! Porém, só o fato de dormirem duas pessoas casadas diferentemente, já esse é um delito que é contra o Movimento, contra tudo; contra a moral e contra tudo.
P. – Ainda que haja duas camas separadas?
V.M. – Não importa! Não importa! Aí mesmo, para as Juntas do Centro, divulga-se duma vez, e, se nos cabe, já sustentá-lo: "Sim, eu o vi!". Seja que tenha acontecido ou não tenha acontecido nada. Essas coisas não podem ser deixadas quietas, porque vêm os escândalos contra o Movimento Gnóstico. Tudo contra o Movimento.
P. – Isto incluiria também a duas pessoas solteiras, ainda que não estejam casadas, porém, que não tenham nada que ver, não são casadas?
V.M. – Sim, também, a mesma coisa.
P. – Que prova pode ser chamada esta?
V.M. – Não, essa não é prova. Isso já é abuso. Isso não é uma prova. Isso é brincar com candeia, e o que brinca com candeia, se queima. Isso é real.
P. – No caso: Vivem juntos, num apartamento, um homem e uma moça não casada, todos solteiros, uns na Gnose, outros não. Como se atua neste caso?
V.M. – Hem? Vivendo na mesma casa?
P. – São muitos jovens, por falta de moradia. Às vezes vivem juntos, e depois de estar assim vivendo quatro ou cinco num apartamento, chega, um deles, à Gnose. Essa é a situação.
V.M. – Ah! Não, isso não! Não se deve permitir essas pessoas no Movimento. Não se deve permitir. Esse é um delito de escândalo.
P. – Ainda que, para dormir, pois, tenham seu aposento separado?
V.M. – Não importa.
P. – No caso, Mestre, em que por qualquer coisa da Gnose, ou de um Mestre, o que seja, pois impõe-se um labor que se vê, pois, como muito grande, como uma montanha muito grande que a gente, pois, não se vê com forças, porém, acaba para adiante, porque vê que é um dever, porque lho puseram aí adiante, não? Não obstante, ele não se vê com forças; ou seja, não é que não avance, porém diz: "Bem, eu, para frente, porque sei que isso é algo, digamos..." é uma coisa superada, ou é uma coisa que não se superou?
V.M. – Olhe, a nós nos provam. Essa é uma virtude de obediência. Por exemplo, a você lhe mandam fazer uma coisa que você vê impossível. Vê-se incapaz, porque você não tem força suficiente para fazê-la. Porém, você faz o dever e arranca, e põe, de sua parte, tudo o que você pode. Essa é uma prova de obediência. Porque, a nós nos mandam fazer coisas, no interno, os Mestres, que nem mil homens poderiam fazer, e o mandam a um só. Se se discute, "veja que eu não posso, que não sei quê...", já perdeu a prova.
O que se tem que fazer é ir e fazer a tentativa, pôr de nossa parte tudo o que seja. Quando já pomos da nossa parte, então vem a ajuda que as hierarquias nos dão. Porém, se não se põe da nossa parte, não nos ajudam. E então se perde a prova.
Era isso o que você queria saber? É a prova da obediência, digamos.
P. – Mestre, eu tenho uma pergunta, com respeito às marcas da besta, que todo ser humano aparentemente tem na fronte. Seriam os cornos? E se supõe que também haja marcas nas mãos e também existe uma caudazinha, não? Eu quero saber, no caminho iniciático, isso se vai apagando ou é uma luta, ou de que forma essa marca desaparece?
V.M. – Quando se começa o caminho da morte, ou seja, o dos três fatores, pode ter havido chifres, apagam-se.
P. – E quem os apaga?
V.M. – Nós mesmos vamos apagando. Com a mudança que damos em nossos atos, nós mesmos os temos que apagar.
P. – Deixa de ser bestial. Isso é a besta?
V.M. – Sim, sim! Vai-se mudando seu modo de atuar, então desaparecem.
P. – E em que consiste a marca na mão?
V.M. – A mesma coisa. Tudo isso muda com os três fatores.
P. – Mestre, continuando com isto da obediência, porém, já em algo mais diário. Por exemplo, em muitos grupos houve problemas porque os encarregados nesse momento, Junta de Instrutores, Junta Coordenadora, pois, decidem tal coisa, não? Que lhes é atribuída pelos Regulamentos. Porém, existe alguém que está contra, vê de outra maneira, que pode ser boa também; porém, o vê contra o que diz a Junta Coordenadora. Muitas vezes, essa questão da obediência.... poderia ampliar um pouco mais, porque é muito importante?
V.M. – Bem, nestes casos, por exemplo, a pessoa que vê que as Juntas estão atuando mal, e que dá uma fórmula, então o que dá a fórmula, ou outra coisa, deve limitar-se a dizer o que viu, que é a verdade, e deixar que já os demais definam. Porém, não um só se pegar e ir contra as duas Juntas. Senão, dá-se sua opinião, e pronto! Dá a fórmula para não cometer erro, porém, deve calar em seguida, não seguir. Sim?
P. – Mestre, voltando de novo ao caso do adultério. Supondo que haja passado um ano que essa pessoa haja visto essas outras pessoas e agora ela acusa essas pessoas. Faz bem ou fica melhor calado?
V.M. – De todas as maneiras está servindo de cúmplice. De todas as maneiras. Pode passar um ano, dois anos, é cúmplice.
P. – No caso, por exemplo, que numa mesma casa vivam dois casais, por exemplo. Isto seria bem visto ou não?
V.M. – Não; isso, sim, já muda em cem por cento, já.
P. – No caso, por exemplo, de que nos aplicam uma prova, por exemplo, pois, que a gente se vê sem nada, ou se vê sem ajuda, sem auxílio, e, num momento determinado, por exemplo, pois, se desespera, não? Porém, um pouco depois, não? Antes se dá conta de que não pode sucumbir ante isso, que pode vir muitas vezes, que pode; e então se arrepende e luta e, digamos, que supera aquilo, ainda que primeiramente se tenha deprimido um pouco. Isso se considera um fracasso nessa prova ou, como depois se arrependeu e pôs toda força que pôde...
V.M. – Quis fraquejar, porém, triunfou com o superesforço. Então, o superesforço é o que pesa aí. Esse é o que vale. A fraqueza que teve aí, a debilidade, pois, foi superada com o nosso superesforço. Então se impôs, saiu bem.
P. – No Movimento Gnóstico os casais, supõe-se que não tenham cometido adultério, porém, estão juntos. Porém, devem estar casados todos pela lei física, aqui?
V.M. – Bem, vou lhes dizer isto: As cerimônias daqui, do mundo, do planeta, as cerimônias físicas, ante a Grande Lei não valem ou ante as hierarquias não valem. Aí valem são os casais que aprendem a manejar, a manipular suas próprias energias, a transmutá-las. Isso é o que vale ali, não a cerimônia aqui.
Aqui, preencher os requisitos com as leis daqui, para a papelada e coisas assim, porque, ante as hierarquias, o requisito é que sejam um casal casto. Por isso a medida da cana no tribunal. Mede-se a cana. Quando não há transmutação, diz-se: "Cana seca", ou "árvore seca". Diz-se-lhe: "Cana seca", ou "árvore seca, fora!".
P. – Nesse momento de fazer essa medida, isso inclui duas pessoas. O senhor diz: "Fora!". Isso é, que se lhes dá uma oportunidade a mais para fazer essa medida?
V.M. – Quando se diz "fora", é fora, porém, para o abismo! Então, passam a um recinto, a um compartimento lá, onde se juntam cem, duzentos, trezentos demônios, e, para o abismo! Daí saem para o abismo. Já estão julgados.
P. – Porém, não são julgados por casais? De todas as maneiras é individual?
V.M. – De todas as maneiras. Se você se apresentou lá, você tem que dar a medida. Seu par se apresentará amanhã ou depois. Então, sim.
Então, quando já se chega a um julgamento desses, já a coisa nos é posta: Se não se apresenta obra, fora!
Fora é: Passa a um compartimento lá, onde se vão metendo cem, duzentos, trezentos demônios, e daí, ao abismo! Daí não o soltam mais! Daí não o soltam mais, porque está sendo julgada a humanidade pela segunda vez, pode-se dizer.
P. – E a pessoa solteira, como fica ali? Porque essa pessoa luta, quiçá, por conseguir um par, e por algum lado não o consegue. Sempre vai ser julgada?
V.M. – A esses se lhes dá a oportunidade para que consigam um par. A ninguém se vai julgar, sem lhe haver dado a oportunidade. A todo mundo tem que ser dada a oportunidade. A todo mundo.
P. – Eu queria fazer uma última pergunta e é sobre a obediência. Verdade? O senhor, por exemplo, está nos entregando, agora, um campo de batalha muito importante para revalorizar todo o trabalho que estamos realizando. Então, nos grupos, por exemplo, existem uns costumes, uns vícios, umas coisas. Quando há uma mudança, isso sempre supõe um esforço da nossa parte?
V.M. – Cada um fazer um superesforço, porque chegamos à conclusão de que o esforço não vale. O superesforço de que fala o Mestre, esse, sim, é o que se impõe ante tudo. Superesforço!
P. – O senhor nos poderia ampliar um pouco mais sobre a obediência?
V.M. – Olhe, nós, nós... Vou-lhes dizer umas quantas coisas assim, sobre...
Acontece que no interno nos mandam fazer coisas impossíveis de serem feitas. Como lhes disse eu, que nem mil pessoas são capazes, e o Mestre o ordena: "Bem, fulano, vai fazer tal coisa!". Sabe-se que não se pode. Não? Porém, em vez de discutir com o Mestre, saia, calado, vá, faça o que lhe mandaram; faça o esforço até onde puder. Daí, o demais, fica por conta das hierarquias ou de quem no-lo mandou.
Então, sempre, nunca se está só. Então a obediência é uma arma poderosa para sair bem ante as hierarquias. A obediência!
O desobediente cai. O desobediente cai inevitavelmente e roda, porque cada vez que se vai mal no caminho, está se falhando.
Sempre, nos mundos internos, nos fazem ver por onde estamos falhando e nos mostram o caminho que devemos seguir. Se não obedecemos, caímos. Se obedecemos, evitamos de rodar.
Então, a obediência é o principal que nos provam os Mestres. O obediente nunca cai, porque sempre lhe assinalam o perigo.
P. – Mestre, por exemplo, os pares, não, casais, muitas vezes o marido se impõe fisicamente no que a mulher quer fazer e lhe sai com o conto: "Tu tens que obedecer, porque é uma prova!"..
V.M. – Bem, falando esotericamente, falando esotericamente, os casais têm esse livre arbítrio, porque a gente se traça sua disciplina; não se pode implantar-lhe a nossa disciplina, porque a mulher não sabe que disciplina nos estamos implantando e como é nosso modo de pensar. Então, no-la implantamos; servimos de espelho à mulher, se ela quer; e, se não, é lá com ela.
Pode-se dar-lhe um conselho, não? Se não o aceitou, é lá com ela. Porque, olhe, ao Pai não se chega por casais. Chega-se sozinho. Ao Pai se chega sozinho. Por seus méritos é que se chega ao Pai.
Então, adquiramos méritos, é o que cabe a nós. Adquirir os méritos, porque, acompanhados não vamos chegar lá.
P. – Sobre o assunto da morte, não? A lei, em que sentido diz que julga o indivíduo? No aspecto físico, no aspecto etérico e no aspecto astral? Com base em que coisa nos julgam?
V.M. – Nos fatos. Eles não se baseiam senão nos fatos, bons ou maus.
P. – É no físico? No etérico?
V.M. – O mesmo, porque é que aqui é a escola e aqui é a base donde repercute para outras dimensões superiores. Se andamos mal aqui, andamos mal em todas as partes. Se melhoramos aqui, vamos melhorando lá também, isso é lógico. Por isso é que a escola é aqui. Porém, a nós nos julgam é pelos fatos, bons ou maus. Pelas boas ou más intenções, isso não o têm em conta lá. São fatos!
P. – Quando temos um casal recém casado. Ela ou ele, sonham que lhe entregam uma faca, por exemplo, não? Assim, normal. Encontra-se numa reunião e lhe entregam uma faca. Porém, essa pessoa rechaça esse objeto nesse momento, traz essa recordação ao físico. Significa que era que lhe davam o símbolo da espada, ou a ele, ou...
V.M. – O símbolo do assassinato, porque com essa faca podem assassinar o Cristo interno. O símbolo do assassinato. Não é espada, senão o símbolo do assassinato do Cristo interno.
P. – Porque, falando com ela, me dizia: "Rechacei essa faca e sempre estou com a idéia de que perdi minha espada, que não..."..
V.M. – Isso não é espada, porque o símbolo da faca é assassinar. Sim? Aí, esse símbolo, cuidado! Ia assassinar o Cristo Íntimo dela, que é muito diferente da espada. Aí lhes estão demonstrando que podia, com essa faca, assassinar o Cristo interno dela. Sim? Com quê? Já com a fornicação.
P. – E se, depois de um tempo, essa pessoa, fisicamente encontra uma faca na cama onde dorme, por exemplo?
V.M. – Seja que a encontre fisicamente ou não a encontre, o símbolo que mostraram é o assassinato que se pode realizar com um ato de fornicação dentro de si. Isso é daí. A hierarquia nos qualifica de assassino. Com um ato de fornicação se é um assassino ante eles, porque se está assassinando a si mesmo".
QUESTÃO DE ESTUDO
Após a leitura deste texto assista às vídeo aulas e vídeos textos do tema 72 e faça uma síntese conceitual do assunto, descrevendo o tema O DIFÍCIL CAMINHO, AS PROVAS E AS INICIAÇÕES .