IMAGINAÇÃO: Convencionalmente defini-se imaginação como sendo uma faculdade de representar objetos pelo pensamento: ter uma imaginação viva. Faculdade de inventar, criar, conceber coisas: artista de muita imaginação. Opinião sem fundamento, absurda: isso é pura imaginação. Gnosticamente se diz que Imaginação se constitui na faculdade que permite ao sábio ver, uma vez que imaginar é ver.
REALIDADE: Convencionalmente se define com existência efetiva: a realidade do mundo exterior; Coisa real: nossas esperanças tornaram-se realidade. À luz do paradigma gnoseolístico define-se realidade como sendo a verdade, tudo aquilo que é destituído de começo, meio e fim; isto é, real é aquilo que é eterno, que configura na seidade.
FANTASIA: Se define convencionalmente como ficção, como coisa que não tem existência real, mas apenas ideal. Para compreendermos o verdadeiro significado da imaginação, da fantasia e da realidade vamos estudar meticulosamente o texto abaixo, extraído na íntegra, do ensinamento que deu o V.M. Samael Aun Weor, em conferências e livros:
"Falaremos esta noite sobre o que são a imaginação e a fantasia, memória positiva e memória mecânica. Convém que façamos uma plena diferenciação entre a imaginação dirigida voluntariamente e a imaginação mecânica. Inquestionavelmente, a imaginação dirigida é imaginação consciente. Para o sábio, imaginar é ver. A imaginação consciente é o meio translúcido que reflete o firmamento, os mistérios da vida e da morte, o Ser, o Real.
Imaginação mecânica é diferente. É formada pelos resíduos da memória; é a fantasia. Convém investigá-la profundamente! É óbvio que as pessoas, com sua fantasia, com sua imaginação mecânica, não vêem a si próprias como realmente são, mas sim de acordo com sua forma de fantasia. Existem várias formas de fantasia, e é inquestionável que uma delas consiste em a pessoa não ver-se a si mesma tal e qual é. Pouco são os que têm o valor de verem a si mesmos no mais cru realismo.
Estou absolutamente seguro de que os aqui presentes nunca viram a si mesmos tal e qual são; a imaginação mecânica faz com que confundam gato com lebre. Com sua imaginação mecânica, ou fantasia, se vêem com uma forma que não coincide com a realidade. Se eu na verdade dissesse a cada um de vocês como é certamente, qual é sua característica psicológica específica, estou absolutamente seguro que se sentiriam magoados. É claro que vocês têm sobre si mesmos um conceito equivocado; nunca viram a si próprios. Sua forma de fantasia faz com que se vejam como não são..
Falando de forma alegórica, simbólica, vou tratar unicamente de fazer uma exploração psicológica, a grosso modo, sem citar nomes nem sobrenomes, usando nomes simbólicos, e que cada um dos aqui presentes entenda e escute.
Que diríamos de Cícero? Que grande varão! Lapidar em suas Catilinárias... Inteligente, quem o negaria? Grandiloquente como nenhum, apedrejador terrível ... Mas, estamos seguros de que tudo nele é benevolência? Reflitamos...
Se expuséssemos a gravidade de suas fantasias, se sentiria magoado. Se assinalássemos isto, protestaria violentamente...Nunca assassinou Popéia! Esse trabalho foi deixado para Nero, foi ele que com um estilete de madeira fez sangrar o coração de sua Popéia... Mas ele, de modo algum se sentiria realmente referido. Sente-se magnânimo, bondoso, e essa é sua característica fantástica: ver-se equivocadamente através do prisma de uma benevolência extraordinária. Isto é óbvio.
E que diríamos nós, por exemplo, daquele que aspirando a luz do espírito falhasse em sua base? Não dizem que Ícaro elevou-se até os céus com asas de cera? Como se derreteram, foi lançado no abismo. No entanto, ele não pensa assim de si mesmo. Supõe ser alguém fiel nas fileiras, está seguro de que segue o caminho reto, de que é probo como nenhum outro. A continuar assim, por esse caminho, que restará a Ícaro, depois de ter sido precipitado no Averno? Não dizem que Ganímedes subiu até o Olimpo para beber o vinho ? Mas Ganímedes também pode ser jogado ao fundo do precipício.
Chamemos agora simbolicamente o discípulo de Justiniano. Quantas vezes justificou a si mesmo, convencido que estava de andar muito bem? Talvez nos últimos tempos tenha melhorado um pouco. Porém, por acaso, não protestou em determinados momentos? Por acaso não protestou diante da ara do sacrifício? No entanto, ele está seguro de que nunca protestou, de que sempre tudo fez em favor da Grande Causa, sem nunca falhar. Em nome da verdade, ainda que lhes pareça difícil de aceitar, são raros os que se viram como realmente são.
Aristóteles, uma e outra vez em sua filosofia, convencido de que sua sapiência é formidável, de ser um consorte magnífico... Fez sofrer, mas ele vive convencido de que jamais procedeu mal, está seguro de ser magnífico, benevolente, doce, etc.
Em nome da verdade, poderia dizer a vocês o seguinte: só há uma pessoa que viu a si mesma tal e qual é, nada mais do que uma entre todos os aqui presentes, uma só. Todos os demais têm sobre si mesmos uma imagem fantástica. Sua imaginação mecãnica faz com que se vejam não como são e sim como aparentemente são. Assim, meus queridos irmãos, convido todos a refletir. Pensem se alguma vez , em verdade, se viram como realmente são.
Os historiadores, por exemplo, o que é que escreveram? Fantasias e nada mais. Que dizem de Nero? Que era um homossexual e que chegou a se casar com outro homossexual. De onde os historiadores tiraram isso ? Têm provas por acaso?
Em nome da verdade, tenho a dizer que estive reencarnado na época de Nero, que de homossexual não tinha nada. Muitas vezes o vi sair pelas portas da velha Roma, sentado em sua liteira, sobre os ombros dos escravos. Homem de testa ampla, robusto, corpo hercúleo, não era como os historiadores afirmam. Eles enfatizam a idéia de um poeta abominável. Ao invés de ser visto rodeado, como muitos julgam, de homossexuais, eu o vi sempre rodeado de suas mulheres. Eu vivi na época e dou testemunho disso. Os historiadores falsearam os dados a respeito desse homem.
Não acusam, por acaso, Maria Antonieta de prostituta, de adúltera e não sei o que mais? Ninguém ignora que houve um grande escândalo por causa do colar da rainha, jóia que ela havia dado para ajudar outros. Porém, entre isso e a hipótese de que ela tenha sido infiel a Luiz XVI há uma grande distância. A submetemos à prova nos mundos superiores e ela revelou ser terrivelmente casta, com todo o direito de usar a túnica branca. Eu a vi passar por París, rumo ao cadafalso, heróica, com a cabeça erguida, nada devia, nada tinha a temer, entregou sua vida pela França; nunca souberam apreciar realmente seu valor.
Muita coisa que foi escrita na História está bastante deformada, não vale a pena ser estudada. Do que há ali, apenas as datas são úteis e, mesmo assim, nem sempre. Vejam quão absurdo seria se aceitássemos a data de 1.325 aproximadamente como a da fundação do Império de Anahuac, para vê-lo lá pelo ano de l500 e tantos desaparecer sob a bota de Cortez e seus sequazes! Vocês pensam que em dois séculos poderia ser levantada uma poderosa civilização como aquela da grande
Tenochtitlan? Se para levantar uma única pirâmide passaram gerações inteiras... Vocês acham que uma poderosa civilização destas pode se levantar em dois séculos? Assim, os historiadores alteram as datas, falsificam-nas ... Por isso, em matéria de história, há que se andar com muito cuidado.
Entendam o que é a memória mecânica e o que é a Memória do Trabalho Esotérico Gnóstico. A memória mecânica sempre leva alguém a conclusões errôneas. Estão seguros de recordar realmente sua vida tal qual foi?
Não estou perguntando pelas suas vidas passadas, e sim pela presente. Impossível, há coisas que surgem desfiguradas na memória mecânica. Se alguém, quando pequeno, embora tenha nascido em plena classe média, vivido em uma casa limpa, asseada, onde não faltou jamais pão, agasalho e refúgio, viu umas quantas moedas, pode acontecer que, com a volta do tempo e dos anos, guarde em sua memória mecânica lembranças deformadas: umas quantas notas de dinheiro podem parecer milhões, uma pequena cerca ao redor do pátio ou perto da janela pode nos parecer um muro colossal.
Nosso corpo era pequeno, pois não seria estranho que, já adultos, disséssemos: de pequeno, quando era criança, vivia em tal lugar, minha casa era magnificamente arrumada, tinha grandes muros, que mesa tão bonita, quanto dinheiro... É uma lembrança mecânica, infantil e absurda.
Assim, pois, a única memória real é a do trabalho Esotérico Gnóstico. Se através do exercício retrospectivo recordássemos em parte, veríamos que essa casa de garotinhos da classe média não era o palácio que antes pensávamos que fosse e sim uma humilde casa de um pai trabalhador e sincero. As fabulosas somas de dinheiro que nos rodeavam eram apenas pequenas quantias para pagar o aluguel da casa e para comprar os alimentos.
A memória mecânica é mais ou menos falsa. Vejamos o caso dos famosos testes psicológicos; se um grupo faz uma excursão a Yucatan, verá exatamente os mesmos fragmentos e pedras. No regresso para cá, cada um dará uma versão diferente. Que prova isso? Que a memória mecânica é infiel. Quantas vezes já lhes aconteceu o seguinte: contaram algum relato a um tal ou qual amigo, o qual por sua vez contou a outro. Porém, ao contar, acrescentou alguma coisa ou retirou um pouquinho. Já não é o mesmo relato, está desfigurado. Se esse outro, por sua vez, conta a mais alguém, o relato segue se desfigurando e, com o passar do tempo, nem vocês mesmos reconheceriam mais a narrativa. Ficou tão desfigurada que em nada se parece ao que vocês relatavam.
Assim é a memória mecânica, não serve. Acontece que na memória mecânica existe a fantasia. Memória mecânica e fantasia estão muito associadas. Como controlar então a fantasia? Não há senão um modo de controlá-la: através da Memória do Trabalho.
A memória mecânica faz com que vejamos a nossa vida como não é ou como não foi. Por intermédio do trabalho, vamos dissecando a nossa própria vida e chegamos a descobri-la tal e qual é. O que quero dizer com isto? Que com a memória que guardamos depois do trabalho realizado é possível controlar a fantasia, eliminá-la, e eliminá-la radicalmente.
É então conveniente eliminar essa imaginação mecânica, porque de modo algum permite o progresso esotérico. Vejam a mulher que se enfeita diante do espelho, que pinta os seus grandes olhos, que afina suas sobrancelhas, que põe enormes pestanas postiças, que tinge os lábios com cores vermelhas ... Vejam-na vestida de acordo com a última moda, como se olha diante do espelho, enamorada de si mesma... Ela está convencido de que é belíssima. Se lhe disséssemos que é espantosamente feia, sentir-se-ia mortalmente ferida em sua vaidade. Ela tem uma fantasia terrível e sua forma de fantasia faz com que se veja como não é, faz com que se veja com uma beleza extraordinária.
Cada um tem sobre si mesmo um conceito bem equivocado, totalmente equivocado; isso é terrível ! Alguém pode se considerar genial, capaz de dominar o mundo, dono de uma brilhante intelectualidade. Está convencido disso, mas, se visse a si mesmo com o mais cru realismo, se descobrisse que o que tem em sua personalidade não é dele e sim alheio, que suas idéias não são próprias, porque as leu em algum livro, que está cheio de chagas morais terríveis ...No entanto, poucos são os que têm o valor de se despirem ante si mesmos para se verem tais como são. Cada um projeta uma forma de fantasia sobre si mesmo e vê essa forma como a realidade; nunca, jamais viram a si mesmos... isso é terrível, espantoso.
Pensando em voz alta, para compartilhar com vocês, diremos que, enquanto a pessoa não vá dissolvendo essas formas da fantasia, permanecerá muito longe do Ser, mas, conforme alguém for eliminando mais e mais todas as formas da fantasia, o Ser irá se manifestando mais e mais nele. Quando alguém se aprofunda nisso que é a vida, o mundo, descobre que francamente nunca viu o mundo como é verdadeiramente; viu-o apenas através das formas da fantasia e nada mais. Imaginação mecânica, quão grave é isso, esses sonhos da fantasia...
Algumas vezes, nos sonhos, permanece calada. Outras vezes, conversa, e noutras quer nos levar à prática. Obviamente, no terceiro caso, a questão é séria. Quando um sonhador quer converter seus sonhos em realidade, comete loucuras espantosas, pois seus sonhos não coincidem com a mecânica da vida. O sonhador silencioso gasta muita energia vital, mas não é muito perigoso. O que fala os sonhos, sonhos fantásticos, pode contagiar outras psiques, outras pessoas. Contudo, aquele que quer converter francamente seus sonhos em fatos práticos da vida, está com a mente bem comprometida, está louco. Isso é óbvio.
Continuando, já vimos claramente que a imaginação mecânica ou fantasia nos mantém muito longe da realidade do Ser, e isto é de fato lamentável. As pessoas caminham pelas ruas sonhando, seguem com suas fantasias; trabalham sonhando, casam-se sonhando, vivem uma vida de sonhos e morrem sonhando. Vivem no mundo do irreal, da fantasia, nunca viram a si próprias, jamais, sempre viram uma forma da sua fantasia. Tirar essa forma de fantasia de alguém é algo espantosamente forte, terrivelmente forte.
Naturalmente, há várias formas de fantasia. Cada um dos aqui presentes tem um eu-fantasia, uma pessoa-fantasia que não coincide com a realidade. A pessoa-fantasia de cada um existe desde um princípio, existe agora e existirá amanhã. E vocês estão convencidos de que essa pessoa-fantasia é a realidade e resulta que não é, eis aí o grave.
Repito: como controlar a fantasia? Não há senão uma maneira de controlá-la: a Memória do Trabalho. Precisamos ser sinceros conosco mesmos e trabalhar para eliminar de nós os elementos indesejáveis que temos. À medida que os formos eliminando, iremos descobrindo uma ordem no trabalho. Quem vem a estabelecer essa ordem no trabalho esotérico? O Ser. Ele estabelece essa ordem, e essa Memória-Trabalho nos permite eliminar a fantasia. Porém, é necessário ter um grande valor para romper o eu-fantasia que possuímos, a pessoa-fantasia.
Vocês estão aqui escutando-me e eu estou aqui lhes falando. E estou seguro de que, por exemplo, nosso irmão Arce está convencido de ser o que ele é. Diz : “Sou Arce, sou um homem de negócios, meu modo ser é este, e este e este”...
Quem poderia dizer a Arce que ele não é Arce? Quem poderia dizer-lhe que não é um homem de negócios? Quem se atreveria a dizer-lhe isto? E ele, acreditaria? Poderia aceitar a idéia de que não é homem de negócios, de que não é Arce, de que ele não é quem pensa que é? .... E tu, Arce, que dirias?
“Venerável, ante vosso ensinamento não há lugar para dúvidas”.
E que tal se um dos aqui presentes rompe esse Eu fantástico que tu crês que és, está seguro que és, o destroça e lhe diz: “Esse não és tu” ! Pode ser que você aí me diga : “Se você diz assim, Mestre, estou de acordo. Mas quem sabe se à parte, frente a frente com o interlocutor ... quem sabe se não contestaria fulano ou fulana, dizendo: ...”Bom, este é um conceito seu... Eu sou Arce e sou como sou”. Isso é óbvio. Como sempre te conhecestes, não é ? Pois bem, eu te digo que esse que sempre conhecestes, esse que tu crês que és, não é, não existe, é uma fantasia sua.
Custa trabalho aceitar isso que estou dizendo, é espantosamente difícil. Mas, mais tarde, quando te explorares psicologicamente, verás que tinhas sobre ti mesmo um conceito equivocado. E assim acontece com cada um dos aqui presentes, nunca viram a si mesmos, sempre viram uma forma de sua fantasia. Cada um tem um Eu fantasia, uma pessoa fantasia que não é a realidade.
Há momentos terríveis na vida, bastante raros, nos quais alguém consegue, por um instante ver como é ridículo; são momentos em que consegue perceber seu eu-fantasia, sua pessoa-fantasia.
Quando isto ocorre, verifica-se uma dor moral muito profunda. Porém, logo o sonho retorna novamente e a pessoa busca uma maneira de endireitar a coisa. Por fim, se auto-consola de cinquenta mil maneiras, esquece a questão e o mundo segue em paz como sempre. São raros despertares, bem raros, mas todos já os tivemos alguma vez.
Vale a pena ser sinceros para conosco mesmos. Trata-se simplesmente de nos auto-conhecermos, se é que de verdade queremos manifestar o Ser que levamos dentro, se é que de verdade aspiramos algum dia ter a realidade, nada mais do que a realidade em nós, sem um átomo de fantasia.
Precisamos ter o valor de nos desgarrar, de romper com essa pessoa-fantasia que não existe. Os outros sabem que ela não existe, porém nós acreditamos que existe. Claro que é necessário utilizar o bisturi da autocrítica, do contrário não seria possível a autocrítica de fundo, e não de superfície. Se procedermos assim, conseguiremos quebrar o eu-fantasia, conseguiremos destroçá-lo, reduzi-lo a cinzas, a poeira cósmica. Objetivo: descobrir o Ser. Mas o eu-fantasia eclipsa o Ser, mantém a pessoa tão fascinada em si mesma com o que não é real que não a deixa descobrir o Ser, o Ser que há nela mesma, em suas profundidades.
Não se esqueçam, queridos irmãos, de que o Reino dos Céus está dentro de nós mesmos e que tem vários níveis. O reino da terra também está aqui em nós e o nível mais elevado do homem da terra é ainda menor , não chega nem aos pés do menor que vive no Reino dos Céus.
Como sair dos diversos níveis do reino da terra para entrar ao menos no nível inferior do Reino dos Céus? Na primeira escala do Reino dos Céus que está dentro de nós e não fora? Como se dá esse passo do reino da terra ao dos Céus? O reino da terra tem vários níveis, uns mais elevados, outros mais refinados, porém o mais refinado dos níveis da terra ainda não é o Reino dos Céus.
Para passar do mais alto degrau do reino da terra para o mais baixo do Reino dos Céus, precisa-se de uma mudança, de uma transformação, precisa-se renascer da Água e do Espírito, precisa-se se desdobrar em dois: a personalidade terrena e o homem psicológico, o homem interior.
Como poderia esse desdobramento se produzir? Um homem inferior terreno colocado no nível comum e corrente e um outro numa oitava superior dentro de si mesmo? Como poderia na verdade se produzir essa separação em nós, entre esses dois tipos de homens? Julgam que isso seria possível se continuássemos fascinados com esta personalidade fantástica que cremos ser a verdadeira e não é?
Enquanto alguém estiver convencido de que a forma como está vendo a si mesmo é verdadeira, o desdobramento psicológico não será possível, não será possível que o homem interior se separe do exterior, não será possível a entrada no primeiro degrau do Reino dos Céus.
Obviamente, é a fantasia que mantém a humanidade absorta no estado de inconsciência em que se encontra. Enquanto existir a fantasia, a consciência continuará adormecida. Temos que destruir a fantasia! Em vez de fantasia, devemos ter imaginação consciente, imaginação dirigida. A fantasia é imaginação mecãnica ... Em vez de memória mecânica, devemos ter em nós a memória do trabalho esotérico, a memória consciente.
Quem pratica o exercício retrospectivo a fim de revisar sua vida, termina com a memória mecãnica e estabelece em si a memória consciente, a memória do trabalho. Aquele que, mediante o exercício retrospectivo, pode recordar suas vidas anteriores, acaba com a fantasia. Deste modo, a memória do trabalho e a imaginação consciente nos permitirão chegar muito longe no caminho do auto-descobrimento.
Aqui termina nossa conferência. Se alguém tiver algo para perguntar, pode fazê-lo com a mais absoluta liberdade.
- Mestre, quais seriam os melhores exercícios para desenvolver a imaginação?
Considerando que a imaginação consciente é imaginação dirigida, indubitavelmente temos de aprender a dirigir a imaginação. Por exemplo, se relaxamos o corpo e enfocamos nossa imaginação no processo do nascer e do morrer de todas as coisas, a imaginação consciente se desenvolverá. Imaginemos a semente de uma roseira, como germina, como depois vai crescendo o talo, as folhas, como vai soltando brotos, galhos, flores... Em seguida, ao inverso, o processo involutivo: como vão murchando as pétalas da rosa, como vão caindo as folhas da roseira e como ela no fim fica reduzida a um monte de lenha. Este é um exercício maravilhoso! Com ele se consegue o desenvolvimento da imaginação de forma positiva, com ele se consegue a imaginação consciente, que é a que vale.
- Como eliminar a fantasia em nós? Simplesmente dissolvendo primeiro que tudo o eu-fantasia. Temos de começar por nos ver como somos e não como aparentemente julgamos que somos. É difícil para alguém se ver tal como é; normalmente as pessoas se vêem como não são, de acordo com a sua fantasia. Por aí é que se começa para romper a fantasia. Quando alguém se viu de verdade como é, no seu mais cru realismo, geralmente sofre uma terrível decepção com relação a si próprio, uma espantosa decepção, mas depois lhe resta o consolo da sabedoria.
Se alguém acaba com a memória mecânica e estabelece a Memória do Trabalho, elimina a fantasia, porque na memória mecânica mora a fantasia. Já falei do caso dos historiadores e de seus escritos; são pura fantasia. Por acaso eles estiveram presentes na Revolução Francesa? Conheceram Carlos V da Espanha? Felipe, O Belo? Eles escrevem versões desfiguradas pelo tempo, mero produto da fantasia.
Se nós, em vez da memória mecânica, que é pura fantasia, estabelecêssemos a memória do Trabalho, trabalhando sobre nós mesmos, dissolvendo os elementos indesejãveis que carregamos, obviamente iríamos adquirindo memória consciente, Memória do Trabalho.
A memória consciente ou Memória do Trabalho é maravilhosa. Ao ser aplicada à história universal, permitirá o estudo dos diferentes acontecimentos, da crua realidade da Revolução Francesa, de Maria Antonieta ou de qualquer outra página da vida em geral.
Portanto, a memória consciente aplicada sobre nós mesmos nos levará muito longe, e aplicada ao universo permitirá o conhecimento dos registros akásicos da Natureza. Assim, à medida que se for eliminando tudo o que se tem de fantasia, a imaginação consciente irá se tornando mais e mais ativa.
"Para o sábio, imaginar é ver. A imaginação é o translúcido da alma.
Para se conseguir a imaginação, é preciso se aprender a concentrar o pensamento numa única coisa. Aquele que aprende a concentrar o pensamento numa única coisa faz maravilhas e prodígios.
O gnóstico que quiser alcançar o conhecimento imaginativo tem de aprender a se concentrar e saber meditar. O gnóstico deve provocar o sono durante a prática de meditação.
A meditação deve ser correta. A mente deve ser casta. Precisamos de pensamento lógico e de conceito exato a fim de que os sentidos internos se desenvolvam totalmente perfeitos.
O gnóstico precisa de muita paciência porque qualquer ato de impaciência o leva ao fracasso. No caminho da Revolução da Dialética, necessitamos de paciência, vontade e fé totalmente conscientes.
Um dia qualquer, entre sonhos, surge durante a meditação uma cena longínqua, uma paisagem, um rosto, um número, um símbolo, etc. este é o sinal de que já estamos progredindo. O gnóstico eleva-se pouco a pouco até o conhecimento imaginativo. O gnóstico vai rasgando o véu de Ísis pouco a pouco. Aquele que desperta a consciência chegou ao conhecimento imaginativo e movimenta-se num mundo de imagens simbólicas"
Aqueles símbolos que via quando sonhava, quando tratava de compreender o Ego durante a meditação, agora os vê sem sonhar. Antes os via com a consciência adormecida, porém agora se movimenta entre eles com consciência de vigília, ainda que seu corpo continue profundamente adormecido"
( VM. Samael Aun Weor )
QUESTÃO DE ESTUDO
Após a leitura deste texto, acesse www.agsaw.com.br, assista aos vídeos do tema 35 e faça uma síntese conceitual do assunto, descrevendo descrevendo a Imaginação, a Realidade e a Fantasia.
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