A NÃO IDENTIFICAÇÃO COM AS COISAS DA VIDADIÁRIA
(Profº Maurício)

O que é a identificação? O substantivo feminino identificação pode ser empregado como ação ou efeito de caracterização: a identificação de um réu; como ação de considerar duas coisas como idênticas: a identificação do pensamento e do ser; como ação de se identificar, se ater, tomar partido: a identificação do artista com sua obra.

É neste sentido último que usamos a palavra identificação para designar a reação do ego ante aos acontecimentos da vida cotidiana. A identificação consiste na ação de ligação do sujeito ao objeto, mediante a sensação, isto é, por meio de uma ação impactante de alguma coisa sobre os nossos sentidos, que através do ego reage para a satisfação de algum desejo, visando à obtenção de algum prazer.

Por exemplo, podemos estar passando por algum lugar e sentir o cheiro de alguém coando café.A gente (sujeito) não estava pensando no café (objeto). Entretanto, as partículas constituintes do pó de café se deslocaram através do ar, para impactar o nosso sentido da olfação, que processou a informação e enviou ao departamento da nossa memória, onde há ali registrado o gosto do café. Imediatamente, o eu da gula almeja tomar o café, para através do prazer de tomar tal café, satisfazer tal desejo. Têm-se o dinheiro para comprar o café, obtemos o prazer e vem a realização do ego, do contrário, vem a frustração devido ao desejo não satisfeito.

Para não identificarmos com as coisas diárias da vida temos que construir um estado de não identificação, começando de onde estamos, a partir do ponto zero, de instante a instante, irmos até onde conseguirmos e voltar ao ponto de partida quantas vezes for necessário, ao longo do dia.

Todos nós estamos acostumados, na nossa vida comum e corrente, a identificar com todas as coisas, de instante a instante, por não sabermos efetuar adequadamente a técnicas de recordação de si mesmo e da auto-observação.

Da identificação com as coisas da vida diária, passamos à fascinação e até ao fanatismo, o que nos traz perda de energia, infelicidade e desequilíbrio eco-biopsicossocial.

Portanto, para não identificarmos com as coisas da vida diária, devemos estar fazendo as praticas básicas do despertar da consciência, que se constituem na prática da recordação de si mesmo e da auto-observação, de instante a instante. Para tal devemos estar atentos naquilo estamos fazendo, a cada momento, prestando bastante atenção e fazendo somente uma coisa de cada vez. Não devemos estar pensando em outra coisa, só naquela que estamos executando naquele instante

"Podemos usar uma agenda para organizar as coisas que devemos fazer. Começamos a fazê-las uma por sem pensar nas demais. Quando estamos pensando em outras coisas diferentes das que estamos fazendo não há concentração e vem a identificação; devemos fazer até onde alcancemos" (V.M. Rabolú).

Para não identificarmos com as coisas da vida cotidiana devemos estar pendentes de nós mesmos. Estar pendente de si mesmo significa estar recordando de si mesmo, de instante a instante. Para estarmos pendentes de nós mesmos, devemos estar em auto-observação.

Quando nos esquecemos de nós mesmos, perdemos o estado de recordação e de auto-observação de si mesmo, caímos em identificação com alguma coisa, nossa consciência deixa de atuar, para dar lugar à expressão do ego, que se robustece.

À medida que vamos eliminando o ego vamos colocando fim à causa das identificações, vamos melhorando as nossas faculdades da recordação e auto-observação de si mesmo e ampliando a nossa consciência.

QUESTÃO DE ESTUDO

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