MORTE MISTICA OU MORTE DO EGO
(Profº Maurício)

A palavra morte é sinônima de transformação, de magia. O fenômeno da morte se constitui num acontecimento mágico, de transformação definitiva.

A morte física e nascimento são fenômenos complementares da vida, que se relacionam holisticamente de modo interdependente. A morte alimenta a vida e vice-versa.

A morte mística e a medição são partes complementares na tarefa de construção das virtudes da alma. Com a morte mística liberamos a essência aprisionada pelo ego; com a meditação emancipamos a essência liberada e a transformamos e consciência. Assim é como morremos para o pecado, para os defeitos e nascemos para as virtudes.

Existem vários tipos de mortes: física, mística e a segunda morte. A morte mística é radical, transcendente, pois ela impede a segunda morte ou morte da alma, da qual falava Jesus Cristo. A morte mística dos nossos defeitos é feita de modo voluntário, enquanto que as mortes físicas e místicas são compulsórias. Isto significa que se não morrermos voluntariamente aqui e agora iremos ter que morrer compulsoriamente nos mundos infernais, após a nossa morte física.

Quando os alquimistas se referiam a transformar o chumbo em ouro, eles se referiam a morte dos defeitos, para criação das virtudes. Jesus Cristo pregou a morte mística quando dizia: “quem quiser me seguir renuncia a si mesmo”.A morte mística está descrita na forma de alegoria em a Lâmpada de Aladim, onde a garrafa simboliza os defeitos e o gênio as virtudes. Também se faz presente nos eventos bíblico de Abel e Caim e de David-Golias.

A morte mística dos defeitos se constitui numa prática objetiva de revolução da consciência, complementada pela meditação. Morte e meditação são praticas complementares para despertar da consciência. Elas guardam entre si uma relação de interdependência, isto é, uma depende da outra. Isto significa que se eu só fizer a morte sem a meditação e vice-versa, não despertarei a minha consciência. Pelo processo da morte se libera a essência aprisionada pelo ego. Pela meditação pegamos a essência liberada pela morte e a transformamos em consciência. Esta é a chave da liberação entrega pelos Veneráveis, tão magnificamente passada pelo V.M. Samael e simplificada pelo V.M. Rabolu.
Como se faz a prática: estando em auto-observação nota-se o eu atuar em um dos cinco cilindros da máquina humana. Daí com voz militar, imperativamente, pedimos: Divina Mãe elimine de mim este eu!

A Morte Mística ou dissolução do ego faz parte do trabalho do Primeiro Fator de Revolução da Consciência, tal como nos ensinaram exaustivamente os Veneráveis Mestres Samael e Rabolú, através de umaDidática Concreta para Dissolução do Ego, que passa por técnicas para dissolução do ego, morte em marcha dos detalhes, morte mística, etc, tal como vamos estudar em nosso Curso Básico de Iniciação ao Conhecimento Gnóstico, exortando-nos a todos a praticarmos acelerada e continuamente, afim de obtermos resultados práticos, conforme esperam os nossos veneráveis Mestres Samael e Rabolú.

A palavra morte é sinônima de transformação, de magia. O fenômeno da morte se constitui num acontecimento mágico, de transformação definitiva. A morte é o princípio da vida, ela põe fim a um determinado estado de coisa, que por sua vez determina o início de outra.

A morte física e nascimento são fenômenos complementares da vida, que se relacionam holisticamente de modo interdependente. A morte alimenta a vida e vice-versa.

A morte mística e a meditação são partes complementares na tarefa de construção das virtudes da alma. Com a morte mística liberamos a essência aprisionada pelo ego; com a meditação emancipamos esta essência liberada e a transformamos e consciência. Assim é como vamos morrendo para o pecado, para os defeitos e nascendo para as virtudes.
 
O V.M. Samael diz em várias passagens dos livros que devemos nos observar e morrer de instante a instante, a cada momento e a cada detalhe. (Morte em Marcha).
Paracelso estava ensinando a Morte em Marcha, ao ensinar que os súcubus e íncubus e outras larvas e elementários somente podem ser arrojados mediante a oração e a manutenção de um pensamento puro.
Blavatsky, estava ensinando a morte em marcha ao afirmar que o discípulo não deve permitir que nem sequer a sombra dos desejos se aproximem dele.

Jesus Cristo ensinou a Morte em Marcha aos seus discípulos, ao exortá-los a vigiarem e orarem sem cessar, para que não entrassem em tentação.

A Morte em Marcha não é uma invencionice caprichosa do V.M. Rabolú. É uma técnica milenar usada para manter a mente limpa (e também os demais centros da máquina) a todo instante. O conceito e a nomenclatura podem ser novos, mas o conteúdo não. A morte do ego sempre veio por este caminho e não por outro. Na Bíblia, a Morte em Marcha está claramente representada pela luta de Davi contra Golias. Davi representa a essência e Golias representa o Ego. Não podemos enfrentar Golias diretamente, "em bruto", como supõem muitos. Por ser muito mais poderoso, qualquer confronto direto nos levará à derrota. Temos que atingir Golias em seu ponto fraco: os inocentes canais de alimentação. Davi acertou o gigante na têmpora, isto é, no ponto vulnerável, e o gigante caiu de uma vez. Assim é também com os defeitos. Imagine um defeito ou desejo poderosíssimo, um ego que realmente te domina e te arrasta, contra o qual você é impotente e não pode resistir. Pois bem, você não pode resistir-lhe, porque ele é muito mais poderoso. Então acerte-o no ponto fraco. O Golias se fortifica a todo momento, sem que você perceba. Você lhe dá vida e não se dá conta. Atitudes simples, que parecem totalmente inocentes e desprovidas de maldade, levam nutrição ao gigante e o mantém vivo. Dissolva tais atitudes mediante a vigilância e a oração, ao invés de reprimí-las. Faça como Davi: não espere que o gigante te agarre, não deixe que o desejo invada sua mente. Antecipe-se ao desejo, dissolva seus detalhes antes que ele chegue e tome conta de tudo. Seja o primeiro a golpear, ataque primeiro, antes que o Gigante te pegue. Aprenda, como ensinou Blavatsky, a perceber a aproximação da sombra, muito antes da chegada do monstro hediondo que a origina. Não permita que as sombras te engulam, reaja muito antes. Perceba os primeiros traços de aproximação minutos ou até mesmo horas antes do Golias chegar e destruir tudo. Mantenha-se longe do monstro e o acerte nas têmporas quantas vezes forem necessárias. Os indícios de aproximação são os pequenos detalhes. Reprimí-los é perder o tempo: melhor é orar pela eliminação e aguardar, observando os mesmos perderem força. Se resistir aos desejos fosse um meio verdadeiro de eliminação, todas as pessoas seriam liberadas, já que é somente isso que todo mundo aprende a fazer desde que nasce. A situação dos ascetas religiosos e espiritualistas é dolorosa. Lutam bravamente contra os desejos sem nenhum resultado e alguns chegam mesmo a piorar com o tempo, até a degeneração total. Isso mostra que suas técnicas de ascese não funcionam. Se mudassem e aplicassem Morte em Marcha, ao invés das inúteis tentativas de resistir aos desejos e de controlá-los, conseguiriam os resultados que tanto almejam. Mas para tanto seria necessário mudar a estratégia, renunciar ao controle e à denúncia, sem entregar-se ao desenfreio. Orar e confiar que a Mãe Divina irá atuar. Se um homem necessita resistir a um desejo, isso indica que o desejo é muito poderoso. Ora, se é poderoso, é porque não está enfraquecido, não está ferido. É absurdo supor que alguém que esteja realmente dissolvendo um defeito necessite resistir-lhe. Se a Mãe Divina está dissolvendo o desejo, porque haveria necessidade de resistir? Que necessidade há de estabelecer diques ou barreiras contra um inimigo que está sendo morto? É algo absurdo e ilógico“.

A ELMINAÇÃO DOS DEFEITOS PSICOLÓGICOS
No processo da morte do ego os elementos que estão em jogo são: Ego, raiz ou legião, eu, defeito, detalhe do eu.

Ego -
É nome criado por Freud para denominar um conjunto das raízes ou das sete legiões.
 
Raiz ou legião
- É o nome que dá para um conjunto de eus afins: da gula, da ira, da lúxuria, etc.

Eu
– Ente psicológico que contém um percentual de essência aprisionada.
Detalhe do eu –
uma das diversas facetas do eu.
Defeito – Resultado da atuação do eu ou do detalhe do eu.
Todos estes elementos se correlacionam holisticamente da seguinte forma: o eu precisa de alimento para continuar existindo e para fortalecer a legião.
Os detalhes de um eu são os seus agentes, encarregados de buscar alimentos para nutri-lo.
Se os detalhes do eu conseguem atuar no nosso universo psicológico há abastecimento de todo o sistema. Eles se abastecem de nossas energias, usam uma pequena parte para sobreviverem, repassam o excedente para o eu, que por vez abastece e sustenta a legião. Assim todos sobrevivem por eternidades afins.
Se os detalhes do eu não conseguem atuar no nosso universo psicológico há a desestruturação gradativa de todo o sistema. Se não atual não conseguem alimento para si próprio e nem excedente para abastecer o eu. O eu não recebendo alimento ele só sobrevive enquanto durar a sua conta de energia. Por sua vez o eu não consegue sustentar a legião, que acabará morrendo. Ao morrerem todos os elementos do conjunto, o defeito psicológico deixa de existir, morre e em seu lugar surge uma virtude.
A morte do detalhe é prática objetiva que detém a marcha de atuação destes elementos do conjunto. Ela impede a marcha de atuação dos detalhes, dos ladrões de energia e impede a marcha decrescimento do eu.
A atuação fulminante do raio de eletricidade da Divina mãe pode eliminar um detalhe no momento de sua atuação. Porém o eu que se alimenta deste detalhe ainda vai permanecer vivo, enquanto tiver capital de energia. Mas com o tempo morrerá, por falta do alimento de que precisa ou morrerá com a eletricidade resultante da prática do azf.

 

“Na prática a petição à Mãe Divina é feita a toda a hora que o defeito previamente observado se levantar dentro de nós mesmos. No exato momento em que nos dermos conta de que ele se levantou ou está lá atuando. Assim, a toda hora que o sentido de auto-observação captar o ‘gosto psicológico’ do defeito conhecido, passamos a orar intimamente dessa maneira: “Mãe minha, elimina de mim esse defeito”. Essa petição é feita rapidamente, mas com firmeza. É indispensável o uso da concentração e da imaginação nesta hora. Ou seja, devemos mirar em certo o defeito que queremos eliminar e fazê-lo sumir de nosso interior. Esse é o trabalho de nossa Divina Mãe. A esse trabalho de peticionar à Mãe Divina para que elimine nosso defeito psicológico a toda hora que ele for observado em nosso interior, é chamado de MORTE EM MARCHA. Isso faz com que o defeito deixe de se manifestar naquele momento. Não quer dizer que o eliminamos de uma vez por todas, mas ele vai perdendo a força. Até que um belo dia ele não é mais visto em nosso mundo interior. Aquele defeito psicológico morreu. É preciso insistir na continuidade de propósitos, pois como poderemos perceber, se começarmos a eliminar um defeito, e logo deixarmos de nos auto-observar, ele vai recobrando as forças. Por isso é necessário força de vontade para que a auto-observação perdure pelo dia todo. Muitas pessoas querem mudar, mas não sabem como fazê-lo. Esse método é o único meio para lograrmos uma mudança radical de nós mesmos. As mudanças exteriores não são efetivas, tampouco duradouras”.


  

OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA
(V.M. Rabolú )

“Comentário – Temos uma pessoa na Fase B, e não estamos cem por cento seguros, se ainda pertence à Rosa Cruz. Porém, ele vai, ele vem. Coisas da vida. E, quando ele vem, há um fogueio, ele se fogueia normal; porém, não tem ainda claras as coisas sobre a eliminação do ego ou algo assim, e as práticas... Eu creio que é isso o que o tranca.

V.M. Rabolu – É que, na eliminação do ego, havia um conflito, ou quase impossível, tal como o entregou o Mestre Samael.

Suponhamos, olhe: Esta é uma árvore com muitas raízes. Não? Tem a raiz principal, tem quantidade de raízes pequeníssimas que dependem dela, assim.
Bem, suponhamos que este é um ego da ira, do orgulho, qualquer ego.
É impossível chegarmos a compreender este ego, se tem todos estes derivados dele, pois vem a ser o alimento da árvore.

Uma árvore, por exemplo, qualquer árvore que seja, tem sua raiz principal, que é a que sustenta a árvore, para não deixá-la cair, e lança outras grossas para todos os lados que a ajudam a se sustentar, para que o vento não a tombe. Porém, dessas raízes grossas, que são estas, dependem milhares de raízes pequeníssimas, que são as que alimentam a árvore. As outras raízes grossas não fazem senão sustentá-la aí. Porém, ela se alimenta de todas essas ramificações de raízes que lança, porque essas vão para a superfície da terra, arrastando as vitaminas de que necessita a árvore. O sustento.

Então, isso acontece exatamente igual com o nosso ego ou os egos. Temos o ego da ira. Porém, deste dependem muitíssimos, que são os que o alimentam. O ego se sustenta por todas essas raízes, todas essas ramificações diminutas, que são os detalhes. Pelos detalhes está vivo o ego. Se começamos a tirar-lhes as raízes, começa a se desnutrir e a morrer. Do contrário não podemos.

Então, como dá o Mestre: “Que acabar o ego da ira...”. Porém, quantos egos da ira, ou manifestações, tem esse elemento? Então, como os compreender? Não os podemos compreender.

Então, se começamos a tirar o alimento ao ego, então, sim, começa-se a compreendê-lo e começa a perder força. Isso é inevitável.

O Mestre fala em outros termos disto, tal como eu o estou explicando. Ele usava outros termos: “Temos que morrer de momento em momento, de instante em instante”.. Essa frase eu não a entendia e dizia: Porém, como? Que vai morrer de instante em instante, de momento em momento? Ele se refere a estas manifestações diminutas, às quais não lhe damos bolas, que se pensa que não são defeitos. E esse é o alimento que está alimentando o defeito, por todas essas raízes diminutas, vão e vão alimentando o defeito.

Então, se começamos a lhe tirar isso, o defeito morre, ou, melhor dito, o ego morre. Começa a decair duma vez, porque ele se alimenta por tudo isto. Então, é a vida dele. Se começamos a lhe tirar isso, o resultado é a morte.

Olhem, eu comecei a morrer foi com os detalhes. Isto que lhes estou dizendo dos detalhes, não o estou falando por teoria. Estou falando que fiz assim meu trabalho desde que comecei a Gnose, com estes detalhes.
Porém, eu não sabia que era morrer, senão que por estes detalhes se vai, por exemplo, vai-se receber uma iniciação. Chamam-nos para nos entregar uma iniciação que se ganhou. Aparecem-nos todos estes detalhezinhos no caminho. E por um detalhe desses se pode perder uma iniciação, um grau. Então eu comecei, como eu saía mal no interno, quando eu ia receber um grau, por um detalhe desses eu ficava. Então eu ganhava era uma grande repreensão dos Mestres e então já voltava para cá, porque nos dizem: “Vai à escola, para aprender! Não sabes nada!”.Porém, ralhado.

Então vinha eu para dar duro a esses detalhes. E comecei, e então saía bem nas provas que me davam, porque então são provas que nos dão. Então já recebia meu grau, o que me iam pagar.

E então eu comecei a trabalhar foi com os detalhes, desde que eu comecei a Gnose; porém, não sabia que era morte, senão era para sair bem nos chamados que me faziam, para me fazer um pagamento; porque, para nos fazer um pagamento, chamam-nos. Então, porém, primeiro, antes de chegar, apareceram-nos os detalhes. Porque, se encontrou uma moedazinha por aí, a gente a agarrou... Bem, esse é um detalhe. Assim, coisas insignificantes, que não se acredita que seja prova. Esses são os detalhes. Então, se começamos por aí, o ego vai morrendo. Vai-se desnutrindo e vai morrendo. Isso é inevitável!

Essa é a morte verdadeiramente e eu a encontrei profundamente; porque, como o ensinou o Mestre, não é que eu queira saber mais, porque, como eu lhes digo, ele falou de morrer de instante em instante, de momento em momento, está relacionado com isso dos detalhes. Faltou-lhe esclarecer, não mais, para ter entendido isso, porém, ele estava sobre isso.

O Mestre Judas chamas este trabalho: “Polir, polir, polir e polir”.
P. – Isso também se pode fazer igual com os pensamentos?

V.M. – É que com tudo, é que com tudo. Aí se aplica a morte em marcha. Aflorou um detalhe desses: “Mãe minha, desintegra-me este defeito!”.. Em seguida, em seguida, não esperar para amanhã ou depois, senão, em seguida, instantaneamente, porque a Mãe Divina, com seu poder, como estes são detalhes, não são tão fortes, desintegra-os com facilidade.

P. – Porém sempre, à noite, fazer uma análise também disso, ou não?
V.M. – Não! Durante o dia, dê-lhe, à morte em marcha, dê-lhe! Não se ponha a perder mais tempo, senão dê-lhe de instante em instante, de momento em momento, e verá.
P. – Isso é branquear o latão?
V.M. – Branquear o latão, para que a luz possa brilhar.

P. – Mestre, às vezes, quiçá, falta vontade para trabalhar com essa inquietude, com essa gana. Como podemos fazer para ativar essa vontade para essa rebeldia?
V.M. – Estar atento em si mesmo. Quando alguém se esquece de si, comete erros. Estar atento sempre em si. Do contrário nos esquecemos, e aí vêm quantidade de erros nossos.

Então, está entendido o que é a morte em marcha? E como se vai eliminando o ego? Como lhe vamos tirando a potência? A força?

P. – Quem sabe, houve um erro ou algo que nós tivemos muito tempo, e é que durante o dia houve um trabalho deficiente e quisemos deixar tudo para a noite?

V.M. – Não, não, não! Isto é de instante em instante, como diz o Mestre Samael. Essa é uma verdade! Estar atento em si mesmo, e que acontece? Vai-se despertando consciência em seguida, não se esquecer de si mesmo. É um exercício muito bom.

P. – Ou seja, que isto substituiria o trabalho que sempre temos feito da morte do ego?

V.M. – É que, olhe, a mim me chamou muito a atenção isso, porque eu penso muito na humanidade, como chegar a impulsioná-la. Isso me fez investigar muito, porque todo mundo fala da morte e quer morrer. E por que não morreu nenhum? Então isso me chamou muito a atenção. Claro, faltava aplicar este trabalho, porque assim, assim em bruto como o entregou o Mestre, “acabar com a ira, com o orgulho”, não! Ninguém o vai acabar! Ninguém o vai acabar assim!

Como se compreende a ira, o orgulho, se tem milhares de manifestações diminutas que se crê que não é nada? E, sim, é, porque daí se está alimentando o ego.

P. – E temos que saber de onde vem um detalhe? Se é ira, ou orgulho ou não importa?

V.M. – Não importa! Você pede à Mãe Divina instantaneamente: “Desintegra-me este defeito, já!”.

P. – Temos que imaginá-lo, Mestre?

V.M. – Segundo a manifestação do detalhe, pede-se à Mãe Divina. Não temos que imaginar nem de onde vem nem para onde vai e fazer consciente a petição. Imaginar que a Mãe Divina o desintegrou. Isso!
P. – Mestre, porém, não terá que ser um pouquinho... como que sentir o que se acaba de fazer, não? Porque, se a gente o faz todo mecânico...

V.M. – Claro, estando atento em si mesmo, a gente se dá conta de qualquer detalhe que assome ou se manifeste.

P. – Ou sente como um pouquinho de arrependimento?

V.M. – Claro, no momento em que se pede à Mãe Divina, ter essa certeza de que o eliminou; ter essa segurança, é fé na Mãe Divina.

O Mestre Samael... Por exemplo, lá foi um missionário, e lhe disse: “De todos os meus estudantes, o único que está morrendo é Joaquín; que, sim, está morrendo de verdade”.. Porém, eu estava morrendo era com todos esses detalhes. Eu não estava vendo o grande, não, senão todos os detalhes. E a isso devo a consciência que tenho, a esse trabalho. Então, eu não estou falando de uma teoria, senão do que fui vivendo, não? Do que fui vivendo, nada mais.

P. – E o senhor, Mestre, se me permite uma pergunta, o senhor, depois, com esses detalhes, depois se dedicava a estudá-los mais profundamente ou somente com este trabalho diário era suficiente?

V.M. – É que, olhe, um detalhe destes, diminutos, isso não tem muita força. Então, a Mãe Divina instantaneamente o desintegra. Já desintegrado, não temos que quebrar a cabeça, pensando nesse detalhe, não. Ter certeza que a Mãe Divina o eliminou, o desintegrou.

P. – Sim, porém, a meditação sobre a morte do ego que se vai fazer ou também tem que ser feita à noite, seria sobre os defeitos gordos?

V.M. – Olhe, vou explicar-lhe essa parte que é muito importante. Eu nunca fiz essa meditação. Não a fiz. Por quê? Porque nós vamos morrendo por etapas, por dimensões.

Aqui fazemos uma limpeza. Ponhamos um exemplo. Você pega uma camisa branca, suja. Você a limpa na primeira ensaboada, ou a ensaboa e depois lhe dá outra, até que branqueia?

Bem, isso somos nós com o ego, exatamente igual, igual. Não é numa só que se vai ficar branco, porque temos que advertir que o eu-causa está aí e o eu-causa não é desintegrado com esse trabalho. O eu-causa é desintegrado conscientemente e é o último trabalho que se tem que fazer. Então, nós vamos é por etapas.

P. – O senhor também ia ao mundo astral para trabalhar com os eus, depois?

V.M. – Temos que trabalhar aqui, no astral, no mental e por último no causal; tudo em ordem, porque nós, nestes trabalhos, por exemplo aqui, vamos resgatando muita consciência que então nos permite mover-nos à vontade em outras dimensões conscientemente e fazer nosso trabalho.

P. – Então, como se combina este trabalho de instante em instante, que, creio, vamos entendendo, como o que nos dizia o senhor também, e o Mestre Samael, de nos dedicar unicamente a um só ego?

V.M. – Eu cometi esse erro, não me dá pena dizê-lo, de elemento por elemento, porém, eu não tinha em conta esses detalhes, porque, enquanto isso, eu não acreditava nesses detalhes. Agora que descobri como é a morte, então isto nos deixa quieto, porque se está dando é a todo o ego, a todo: ao orgulho, cobiça, luxúria, vingança, tudo! Em geral a tudo o que nos apareceu, pam! Dê-lhe, dê-lhe, dê-lhe e aí vai morrendo.

P. – É trabalhar todos ao mesmo tempo?

V.M. – Com tudo o que apareça!
P. – Porém, por exemplo, já na alquimia, por exemplo, a qual nos dedicaríamos?

V.M. – Na alquimia... Por exemplo, existem detalhes que a Mãe Divina não alcança
desintegrar, porque são fortezinhos. Então, na alquimia, a gente vê que esse elemento seguiu se manifestando, na alquimia, então se pede à Mãe Divina a desintegração desse elemento.

P. – Hoje, por exemplo, Mestre, perdoe-me a insistência, porém, isto é muito importante para nós...

V.M. – Não ! É que isto é importantíssimo! É a nossa base!

P. – Então, hoje esse detalhe forte foi de orgulho. À noite, no trabalho da alquimia, peço pelo orgulho. Porém, amanhã, suponhamos, é da inveja. Então, peço pela inveja?

V.M. – Ao que lhe apareça! Ao que lhe apareça, não tenha você exceção, senão com tudo o que nos apareça!

P. – Como o Mestre Samael falava de que... eu não quero debulhar muito isto, perdoe-me, que quero insistir muito, porém, falava de caçar dez lebres ao mesmo tempo e tudo isto...

V.M. – Sim, porém, então, como se vai numa ordem, não cinco ou dez nos vão molestar duma vez, senão é um. Você dá a esse detalhe.

P. – No dia seguinte saiu um detalhe de outro ego?

V.M. – Outro sai ou pelo tempo que seja.

P. – Não, porém, já nos referimos agora ao trabalho da alquimia.

V.M. – Então vai-se dando ao que se vê que insiste. Dá-se-lhe na alquimia.

P. – É como ir rebaixando todos os egos?

V.M. – Tudo, tudo, tudo vai morrendo no tronco. O ego em si vai morrendo todo, porque vai perdendo toda a força.

P. – Se alguém, por exemplo, vê que o que mais tem, ou algo que tem muito forte, é a autoconsideração, por exemplo, não? Que lhe aparecem muitos detalhes durante o dia, aparecem por aí, então se deveria dar a todos os defeitos, porém, centrar-se mais, por exemplo, na alquimia, na autoconsideração?

V.M. – Olhe, não é que olhe, um defeito que a gente sempre tem, o principal, falemos, manifesta-se. Pois a esse se lhe dá.. Cada vez que se manifeste, dá-lhe, dá-lhe, e dá-lhe e dá-lhe! Ao que mais insista, vai-se-lhe dando. Quantas vezes se queira manifestar, dá-lhe, assim.

P. – Porém, acontece isto, Mestre, por exemplo, a frouxidão, por isso estamos aqui, não? Porque somos muito frouxos para trabalhar. Quando nos propomos a trabalhar com a frouxidão, ativamo-nos, fazemos práticas uma semana, todas as práticas que queiramos, e depois chega de novo essa passividade.

V.M. – Olhe, essa passividade vem, que é quando se provoca uma noite, entra uma noite dentro de nós, quando se fica quieto, é pelas práticas mal feitas, mal feitas.
Quando se faz uma prática e nos dá resultado, então se pega mais força, provoca-se um novo amanhecer dentro de nós. Porém, se a fazemos mal feita, como não se encontra resultado, vem a passividade, a preguiça, não? Temos que fazer sempre as práticas com concentração.

Nenhuma prática, das que foram dadas pelo Mestre, nenhuma falha. Falhamos nós, porque estamos fazendo uma prática aqui e pensando por lá, no negócio, em qualquer coisa. Então, não há concentração, não pode dar resultado a prática; não pode dar.

Então, são as falhas. Não se dedica o momento ao que se está fazendo e, como lhes dizia eu agora, no diário viver, em seu trabalho físico, vai-se dedicando seu tempo. Então, é uma educação que se vai recebendo duma vez.

P. – Aproveitar a vida diária?

V.M. – Diária, diária!

P. – Pôr a vida diária em função do morrer?

V.M. – Claro!

P. – Ao invés de outra coisa?

V.M. – Sim !

P. – Um pouco de orientação, que, podemos dizer, e, bem... e ter todos... é que se nós estamos fazendo uma prática de morte do ego, uma hora diária, que não é suficiente, porque temos que estar fazendo prática de morte do ego de instante em instante...

V.M. – Momento em momento! Estejamos em nosso trabalho, estejamos em nosso negócio, falando com uma pessoa que seja, aí nós temos que estar, para ver que elemento psíquico se pode manifestar aí ou se está manifestando.

P. – Com uma hora por dia, não vamos morrer?

V.M. – Não, não, não, não, não! É todo o tempo, se é que se quer morrer. Todo o tempo, não se cansar.

P. – Nesse caso já deixaríamos a prática da morte do ego, ficaria à parte, porque estaríamos trabalhando todo o dia, não?
V.M. – Todo o dia.

P. – E a outra, a deixamos à parte?

V.M. – Esta outra, por exemplo, que trabalhamos, porque no-la deu o Mestre, essa fica à parte, porque estamos entendidos é com tudo, com todos os derivados dos elementos psíquicos.

P. – Porém, poderíamos dedicar essa prática, ocorre-me, a esse defeito ou a esse detalhe mais forte, tratar de compreendê-lo um pouco mais profundamente?

V.M. – Não ! Ao que insista, pois, dá-se-lhe na “torre” duma vez. Quantas vezes queira insistir, dá-lhe, porque numa dessas tem que morrer. Tem que morrer!

P. – Esta prática da meditação da morte do ego, deixá-la-íamos fora dos cursos ou temos que explicá-la?

V.M. – Pois eu creio que isso é perder o tempo. Isso é perder o tempo.
P. – Então, esse exercício retrospectivo, de quando se manifestou um defeito na infância?

V.M. – Com esse trabalho não se necessita de nada disso. Estar de instante em instante, de momento em momento.

P. – Isso é mais direto?

V.M. – Sim.

P. – Esta é uma revolução completa do morrer?

V.M. – Sim, uma revolução! Pois eu, esse sistema o tive desde quando comecei; porém, eu acreditei que todo mundo trabalhava o mesmo. Agora, vendo, pela correspondência, que tanta gente, quase todo mundo... “que a morte, que a morte, que não sei que”... E ninguém morrer? E disse: Este assunto por quê? Pois claro, vão ao grosso e aos detalhes os deixam; e aí é onde se alimenta o ego, sim? Essa é a conclusão a que cheguei eu.

P. – Vamos. Se, por exemplo, alguém, durante o dia, alguns desses detalhes que se vê, que por algum mal que se fez, por algo, sente dor ali por dentro... depois, a sós em sua casa, em seu aposento, deveria de... muitas vezes, que surge de nós, não? De centrar-se mais nesse defeito, ver como saiu, pedir por ele, seguir pedindo à Divina Mãe por esse defeito que durante o dia...

V.M. – Não! Estar em alerta de si mesmo, para quando queira voltar a se manifestar, dá-lhe! Assim é melhor. Assim se deixa de cometer erros, e se está morrendo. É que quando a gente se esquece de si, aí está o problema, pois, cometem-se erros.

P. – Detalhes, temos que entender que são qualquer coisinha?

V.M. – Diminutos. Coisas diminutas.

P. – Uma pessoa nos fala. Sorrimos de uma forma assim como auto-suficiente. Isso é um detalhe. Interrompemos a outro quando vai falar. É outro detalhe?

V.M. – Vejam, isso, no interno, por exemplo, é gravíssimo. Por exemplo, vocês estão conversando os dois aí. Chego eu: blá, blá, blá... como que me dando de muito importante e lhes corto a conversa a vocês. Ai, ai, ai! Castigo nos aplicam! Castigo!
A mim não me dá pena contar, porque me castigaram por imprudências assim, e duro.
Uma vez estava o Mestre conversando com outro Mestre na Igreja Gnóstica. Eu estava em meu trabalho, pois eu sempre, todas as noites me cabe trabalhar, quando me esqueci de perguntar algo ao Mestre, e me fui para a igreja. Entrei. O Mestre estava conversando com outro; e, com o afã de voltar ao meu trabalho: Mestre, que, blá, blá, blá... “Ajoelha-te aí!”.. Na metade do salão da Igreja Gnóstica ajoelhado, três horas.
Entravam e saíam os Mestres e os demais condiscípulos meus e me olhavam aí como uma estampilha na metade do salão aí.

Depois de três horas foi que me levantou o castigo e disse: “E é para que... você não é mais importante que esse senhor que estava falando comigo, não sei quê....”.

Bem, me pegou, porém, que ralhada tão horrível, depois de três horas ajoelhado. Lá nos dão uma disciplina muito rígida. Muito!

P. – E por que não se traz essa disciplina ao físico, Mestre? Por exemplo, se recebemos esses castigos lá, por que não trazemos isso ao físico?

V.M. – Porque, olhe, é que ao se despertar, quando se volta ao corpo, desperta, e com um braço que mova ou se mova, já perdeu a recordação. Temos que despertar; sabe-se que se despertou, abriu os olhos, feche os olhos e trate de recordar, e verá que recorda, sim! Porém, como a gente se move, já perdeu a recordação.
P. – No Centro de Frankfurt, perguntam se este mantram Raom-Gaom, para recordar os sonhos, se isso é recomendável ensiná-lo ou é uma perda de tempo?

V.M. – Olhe, o melhor mantram é o que lhes estava dizendo: Não se mover. Nem uma mão nem nada. Quieto e feche os olhos e trate de recordar e aí se lembra tudo.

P. – Mestre, também com respeito à morte, isto que nos diz o Mestre Samael, de que a luxúria se trabalha toda a vida, associada com outro defeito. Como devemos entendê-lo?
V.M. – Toda a vida, toda a vida. A luxúria são milhares e milhares de demônios.
P. – Como qualquer outro?

V.M. – Sim, o mesmo, igual, ou melhor dito, não há exceção dos nossos defeitos. Todos têm o mesmo alimento, suas ramificações, manifestações diminutas. Por exemplo: Há uma dama aí. Eu lhe pus o meu braço. Que é? Um detalhe, uma manifestação de luxúria aí está. Ah! Dar a mão à dama, apertá-la, é uma manifestação da luxúria. Sim, é que não, não, não, são milhares e milhares de detalhes e em tudo se manifestam.

P. – Que não são somente fatos externos, senão também pensamento ou impulsos ...
V.M. – Não, não, não, não! Lançar um galanteio a uma mulher pela rua, por aí, já isso é um detalhe de luxúria.

P. – Diz-se para uma amiga: “Que linda estás hoje!”.
V.M. – Já aí está.

P. – E a gente pensa que isso não é.

V.M. – Não, sim, é!

P. – Ou não se diz nada e se pensa?

V.M. – Porém, pensa, Sim?
P. – Isso é o que o Mestre Samael queria, que a vida fosse edificante e dignificante. Isso é, elevar o...

V.M. – Sim, sim!

P. – Que trabalho é necessário para o traço psicológico?
C. – Ela quer saber o traço psicológico principal, o traço característico que se tem que buscar.

V.M. – Buscá-lo. Bem, com este trabalho já praticamente aí vai. Entra-se como um soldado, enfrentando um grande exército, para se defender. Ao primeiro que assomou, a esse se lhe deu. Sim? Aí se lhe deu!

C. – Deve ser terrível essa batalha!

V.M. – Essa é a Grande Batalha de que fala a Bíblia. Essa é a Grande Batalha! Um contra milhares e tem que se jogar o tudo pelo tudo aí.

P. – E essa solidão que se sente nesse trabalho! Isso, às vezes, pensa-se que se está pondo...

V.M. – Não. E há vezes em que a gente se sente abandonado pelas hierarquias e de todo o mundo; abandonado totalmente. Sente-se e se vê. E se é no interno, é pior lá. Lá, sim, é notório, porque se vai por seu caminho. Nem Mãe Divina, nem hierarquias, nem ser humano nem nada. É totalmente só. Totalmente.

P. – No interno?
V.M. – No interno. Porém, sim, existe alguém... melhor dito, todos têm as vistas postas sobre nós. Todas as hierarquias, porque não é que se esteja abandonado, a gente se sente e se vê abandonado. Porém, mentiras! Abra alguém a boca e peça auxílio, para que veja. Instantaneamente tem a ajuda. Porém, a gente se vê só totalmente.
P. – E como se manifesta isso fisicamente aqui? A vida se torna...

V.M. – Bem, aqui há iniciações, por exemplo, em que se volta todo mundo contra. Para mim até a mulher, os filhos, os gnósticos, todo mundo me voltou as costas.
Eu enfermo numa cama, e sem um centavo com que me curar, com que comprar nem uma pastilha. E eu durei vários dias, meses, melhor dito, nesse estado. E aí é onde a nossa mente nos ataca por todo lado.

Recordo-me que o ego me dizia: “Onde estão as hierarquias de que tanto falas? Onde estão teus amigos, onde estão os gnósticos? Deixa disso!”. Sim, assim, porém, claro. Ouve-se tudo.

Você sabe, enfermo, estendido numa cama, sem poder caminhar, sem um centavo, e até a mulher e os filhos voltados contra. Ah! Todo mundo, ninguém me visitava. Ah!... E aí, para acabar de completar, por exemplo, já se aborreceram muito de me ter aí, e foram e me levaram ao hospital de Ciénaga. Botaram-me aí de caridade e não voltaram para me ver. Ninguém! É duro, é duro, porque então aí o ego aproveita esses momentos para nos querer tirar do ensinamento, fazer-nos ver que as hierarquias, isso é palha, que os gnósticos, que a Gnose, que isso foi inventado por um homem... Enfim, todas essas coisas, porém, uma série de coisas que nos chegam.

P. – Que nos podem tirar?

V.M. – Sim, nos podem tirar.

P. – Mestre, as práticas que temos postas nos grupos, que fazemos em grupo, de morte do ego, como poderíamos então agora fazer para enfocá-las?

V.M. – Bem, podem segui-las, porque o calor do grupo dá força; podem segui-las assim, não? Porque, sempre a união faz a força. Necessita-se dessas reuniões, todas essas coisas, porque têm mais ou menos os mesmos fins. Então, formam uma força que nos serve individualmente a cada um”.

A DISSOLUÇÃO DO EGO
     (Samael Aun Weor)

Distintos amigos! Estimáveis damas! Hoje, 9 de dezembro do ano décimo de Aquário (1972), reunimo-nos novamente aqui, neste lugar, com o anelo de estudar profundamente o tema da dissolução do eu psicológico.

Antes de tudo, é indispensável que analisemos cuidadosamente esta questão do ego. Diversas escolas de tipo pseudo-esoterista e pseudo-ocultista enfatizam a idéia descabida de um eu duplo. Ao primeiro o denominam eu superior, ao segundo qualifica-se-o como eu inferior.

Nós dizemos que superior e inferior são duas seções de uma mesma coisa. Muito se falou sobre o alter ego e até se o exalta e se o deifica, considerando-se-o divino. Em nome disso que é a verdade, faz-se indispensável dizer que eu superior e inferior são dois aspectos do mesmo ego e que, portanto, exaltar o primeiro e subestimar o segundo resulta, fora de toda dúvida, algo incongruente.

Enfocando diretamente esta questão, olhando o ego tal como é em si mesmo e sem essa classe de arbitrárias divisões (superior e inferior), é claro que nós fazemos uma diferenciação correta entre o que é o eu e o que é o Ser.
Poder-se-ia objetar-nos que tal diferenciação não é mais que outro conceito emitido pelo intelecto.

Aqueles que nos escutam até buscarão escapatórias, asseverando que um conceito a mais ou um conceito a menos, em questões de alta filosofia, é algo que não tem a menor importância.

Há aqueles que, inclusive, podem dar-se ao luxo de escutar estas afirmações e logo esquecê-las para pôr atenção em algo que, sim, consideram de importância.

As pessoas de Consciência adormecida costumam passar por auto-afirmações deste tipo, porque já estão cansadas com tanta teoria.

Essas pessoas se dizem a si mesmas: “Que importa uma teoria a mais? Que importa uma teoria a menos?”

Nós devemos falar com plena franqueza e baseados em fatos, em experiências diretas, e não em simples opiniões de tipo subjetivo.

Vou dizer-lhes, amigos meus, o que me consta, o que tenho visto e ouvido, e, se vocês querem aceitar minhas asseverações, bem o fazem; mas, se querem rechaçá-las, é coisa dos senhores.

Todo ser humano é livre para aceitar ou rechaçar ou interpretar os ensinamentos como bem queira.

No princípio de minha atual reencarnação, eu também, como muitos dos senhores, havia lido vários livros pseudo-esotéricos e pseudo-ocultistas.
Buscando como os senhores o têm feito, passei por diversos escolas e conheci multidões de teorias.

É ostensível que, à força de tanto ler e reler, cheguei também a crer na existência de dois eus, o superior e o inferior.

Os distintos preceptores me diziam que devia dominar o eu inferior por meio do eu superior, para poder chegar, algum dia, ao adeptado.

Confesso, francamente e sem rodeios, que eu estava completamente convencido da existência dos tais dois eus.

Afortunadamente, um acontecimento místico transcedental veio sacudir-me intensamente no fundo de minha alma.

Sucedeu que uma noite qualquer, não importa a data, nem o dia, nem a hora, achando-me fora do corpo físico, de forma completamente consciente e positiva, veio a mim meu Real Ser Interno, o Íntimo.

Sorrindo, o Bendito me disse: “Tu tens que morrer.” Estas frases do Íntimo me deixaram perplexo, confundido, aniquilado.

Com um pouco de temor, interroguei meu Ser Interior (Atman), dizendo-lhe: “Por que tenho que morrer? Deixa-me viver um pouco mais; eu estou trabalhando pela humanidade...” Ainda recordo aquele instante em que o Bendito, sorrindo, repetiu-me pela segunda vez ... “Tu tens que morrer.”

Depois, o Adorável mostrou-me, na luz astral, aquilo que devia morrer em mim mesmo. Então vi o eu pluralizado formado por multidões de entidades tenebrosas, verdadeiro enxame de sujeitos perversos, agregados psíquicos de diferentes classes, demônios vivos personificando erros.

Assim foi, amigos meus, como vim saber que o eu não é algo individual, senão um soma de agregados psíquicos, um total de múltiplos eus briguentos e gritões.

Alguns destes representam a ira; outros, a cobiça; aqueles, a luxúria; estoutros, a inveja; estoutros, o orgulho; depois continuam a preguiça, a gula e todos seus infinitos derivados.

Não vi realmente no ego nada digno de ser adorado, nenhum tipo de divindade, etc. Ao chegar a esta parte de minha exposição, não seria estranho que alguns assistentes objetassem minhas palavras, dizendo-me: “Possivelmente você, senhor, viu seu eu inferior, soma de agregados psíquicos, como afirma o budismo oriental. Bem distinto seria seu conceito se tivesse percebido o eu superior em toda sua grandeza.”

Conheço muito bem, amigos, as diversas formas de intelectualizarão que vocês têm, suas escapatórias, suas evasivas, suas distintas justificativas, suas reações, suas resistências, o desejo de fazer ressaltar sempre tudo o que tenha sabor de ego.

É claro que o ego não tem ganas de morrer e que quer continuar de alguma forma refinadamente sutil, se não nas formas mais densas e grosseiras.
A ninguém pode agradar ver seu querido eu reduzido a poeira cósmica, assim porque sim, porque um fulano qualquer o disse em uma sala de conferências.

É apenas normal que o ego não tenha ganas de morrer e que busque filosofias consoladoras que lhe prometam um lugarzinho no céu, um posto nos altares das igrejas, ou um mais além cheio de infinita felicidade.

Lamentamos de verdade ter que desiludir as pessoas; porém não nos resta mais remédio que ser, diríamos, lapidários, francos e sinceros nestas questões tão graves.
Como aos gnósticos nos agrada falar com fatos concretos, claros e definitivos, não terei agora nenhum inconveniente em narrar outro acontecimento insólito, com o propósito de demonstrar-lhe que o eu superior não existe.

Outro dia, estando em profunda meditação, de acordo com todas as regras que manda o Gnana Yoga, entrei em algo que se conhece como Nirvi Kalpa Shamadi. Então abandonei todos os corpos supra-sensíveis e penetrei no mundo do Logos Solar, convertido em um dragão de sabedoria.
Em tais momentos logóicos, mais além do corpo, dos afetos e da mente, quis saber algo sobre a vida do Grande Kabir Jesus. Foi, precisamente neste instante, quando me vi a mim mesmo convertido em Jesus de Nazaré, fazendo milagres e maravilhas na Terra Santa.

Ainda recordo aquele instante em que fora batizado por João no Jordão. Vi-me dentro de um templo às margens desse rio. O Precursor estava vestido com formosa túnica e, ao me acercar dele, olhando-me fixamente, exclamou: “Tira, Jesus, tua vestidura, porque vou batizar-te”.

Passei ao interior do santuário e, vertendo sobre minha cabeça o azeite da unção e depois um pouco de água, orou e eu me senti transformado.

O que seguiu depois foi maravilhoso. Sentado em um salão, vi três sóis divinais; o primeiro era o azul do Pai; o segundo, o amarelo do Filho e o terceiro, o vermelho do Espírito Santo.

Eis aí os três Logos: Brahma, Vishnu e Shiva. Ao sair daquele estado extático, ao regressar ao meu corpo físico, minha confusão foi tremenda. Eu, Jesus de Nazaré? Eu, o Cristo? Valha-me Deus e Santa Maria! Um mísero pecador, um gusano do lodo da terra, que nem sequer é digno de desatar as sandálias do Mestre, convertido, assim porque sim, em Jesus de Nazaré?
Bastante preocupado com tudo isto, resolvi voltar a entrar em meditação e repetir a experiência mística, mudando unicamente o motivo dela. Agora, em vez de quer saber algo sobre a vida de Jesus, interessei-me por João e o batismo do Nazareno.

Veio, depois, o estado místico anterior; abandonei todos os corpos supra-sensíveis e fiquei novamente no estado logóico.

Uma vez que já voltei a tal estado, fixei minha atenção com maior intensidade em João, o Batista, e eis aqui que me vi, então, convertido em João, fazendo as coisas do Precursor, batizando Jesus, etc., etc., etc.

Ao perder o êxtase, ao regressar ao corpo físico, então compreendi que, no mundo do Logos, no mundo do Cristo, não existe nenhum tipo de eu superior, nem de eu inferior.
É urgente que todos os aqui presentes compreendam que, no Cristo, todos somos um e que a heresia da separatividade é a pior das heresias.

Amigos meus, tudo neste mundo em que vivemos passa; as idéias passam, as pessoas passam, as coisas passam. O único estável e permanente é o Ser e a razão de ser do Ser é o próprio Ser.

Distingam os senhores, pois, entre o que é o eu e o que é o Ser.
P. – Mestre, de que substância são feitos os agregados psíquicos que constituem o mim mesmo?

V.M. – Senhoras e senhoras! É indispensável que vocês compreendam o que é a mente e suas funções.

O animal intelectual, equivocadamente chamado homem, ainda não possui uma mente individual, não a criou, não a fabricou.

O corpo mental propriamente dito somente pode ser criado mediante as transmutações sexuais.

Quero que todos os aqui presentes entendam que no esperma sagrado existe o hidrogênio sexual Si-12.

Indubitavelmente, o esoterista que não derrama o vaso de Hermes (que não ejacula o sêmen), de fato, origina, dentro de seu organismo, maravilhosas transmutações da libido, cujo resultado é a criação do corpo mental individual.
O Manas, a substância mental propriamente dita, encontra-se no interior de qualquer sujeito, porém está desprovido de individualidade, possui diversas formas, acha-se constituído em forma de agregados, que nunca foram desconhecidos para o budismo esotérico.

Rogo ao amável auditório que me escuta seguir com paciência o curso de minha dissertação.

Todos esses múltiplos eus brigões e gritões, que em seu conjunto formam o mim mesmo, o si mesmo, são constituídos por substância mental mais ou menos condensada.

Agora poderão explicar-se os senhores os motivos pelos quais todo sujeito muda constantemente de opiniões. Somos, por exemplo, vendedores de casas e bens imóveis. Um cliente se acerca, falamos com ele, convencemo-lo da necessidade de comprar uma formosa residência; o sujeito se entusiasma e assegura, de forma enfática, que a compra é um fato, que ninguém poderá fazê-lo desistir de seu desejo.
Desafortunadamente, depois de uma quantas horas, tudo muda. A opinião do cliente já não é a mesma, outro eu mental controla agora seu cérebro e o entusiasta eu, que horas antes se havia apaixonado pela compra do imóvel, é substituído pelo novo eu, que nada tem a ver com o negócio, nem com a palavra empenhada. Então, o castelo de naipes vai ao solo e o pobre agente de vendas sente-se defraudado.

O eu que jura amor eterno a uma mulher amanhã é substituído por outro que nada tem a ver com o juramento e, então, o sujeito se retira, deixando a mulher decepcionada.
O eu que jura lealdade ao Movimento Gnóstico amanhã é substituído por outro eu que nada tem a ver com o juramento e o sujeito se retira da Gnose, deixando a todos os irmãos do santuário confundidos e assombrados.

Vejam os senhores, meus queridos amigos e amigas, o que são as infinitas formas da mente, de que maneira controlam os centros capitais do cérebro e como jogam com a máquina humana.

P. – Mestre, neste planeta em que vivemos, os eus fazem a vida tolerável, á que é fácil compreender que, se os dissolvemos e nos apartamos de tudo o que são nossos desejos, nossa vida seria terrivelmente triste e aborrecedora. Não é assim?

V.M. – Distintos senhores e senhoras! A autêntica felicidade estriba-se radicalmente na revalorização do Ser.
É inquestionável que, cada vez que o Ser passa por uma revalorização íntima, experimenta a autêntica felicidade.

Desafortunadamente, as pessoas de hoje em dia confundem o prazer com a felicidade e gozam bestialmente com a fornicação, o adultério, o álcool, as drogas, o dinheiro, o jogo, etc., etc., etc.

O limite do prazer é a dor e toda forma de gozo animal se transforma em amarguras.
Obviamente, a eliminação do ego revaloriza o Ser, dando, como resultado, a felicidade. Desafortunadamente, a Consciência engarrafada no ego não entende, não compreende a necessidade da revalorização íntima e prefere os gozos bestiais, porque crê firmemente que essa é a felicidade. Dissolvam os senhores o eu pluralizado e experimentem a dita da revalorização do Ser.

P. – Mestre, por tudo antes exposto, mostra-se evidente e inadiável a necessidade de formarmos um corpo mental, para não ter tantas mentes.

V.M. – Escutei a pergunta de um cavalheiro e me apresso a respondê-la. Certamente, o animal intelectual, equivocadamente chamado homem, não possui mente individual, como já o dissemos nesta conferência. Em vez de uma mente, tem muitas mentes e isto é diferente. O que estou afirmando pode contrariar muito os pseudo-esoteristas e pseudo-ocultistas plenamente convictos das teorias que leram, as quais asseveram que o homúnculo racional possui corpo mental. Permita-se-nos a liberdade de dissentir de tais asseverações. Se o animal intelectual tivesse mente individual, se não possuísse realmente os diversos agregados mentais que o caracterizam, teria continuidade de propósitos; todo mundo cumpriria sua palavra; ninguém afirmaria hoje para negar amanhã; o presumido comprador de bens imóveis voltaria no outro dia com o dinheiro na mão, depois de haver empenhado a palavra, e a Terra seria um paraíso.
Criar o corpo mental e dissolver o eu pluralizado é urgente quando se quer a autêntica revalorização do Ser Íntimo. Só isto, só tais revalorizações sagradas podem outorgar-nos a verdadeira felicidade.

P. – Venerável Mestre, será possível que uma pessoa que doe dinheiro à igreja, que lê a Bíblia, que se confessa, que faz obras de caridade a instituições, que difunde os Evangelhos, que somente tem sua esposa própria e demais virtudes, tenha também eus?

V.M. – Distintos senhores e senhoras! Seja-me permitido informar-lhes que o eu se disfarça de santo, de mártir, de bom esposo, de boa esposa, de místico, de penitente, de anacoreta, de caridoso esplêndido, etc., etc., etc.
Entre as cadências do verso também se esconde o delito; entre os perfumes do templo se esconde o delito; à sombra da cruz também se adultera e se fornica, e os criminosos mais abjetos assumem poses pietistas, figuras sublimes, semblantes de mártir, etc.
É bom saber que muitas pessoas virtuosa possuem agregados psíquicos muito fortes. Recordem os senhores que há muita virtude nos malvados e muita maldade nos virtuosos.

No abismo, nos nove círculos dantescos, existem muitos místicos, anacoretas, penitentes que crêem que vão muito bem. Não estranhem, pois, os senhores que também no Averno existam sacerdotes exemplares e devotos que os seguem.
P. – Mestre, onde fica o valor espiritual que têm as boas intenções de um sincero que vive equivocado?

V.M. – Muito amigos meus! A pergunta do auditório me parece muito interessante e me agrada dar resposta.

Recordem que o caminho que conduz ao Abismo está empedrado com boas intenções: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.”Os malvados de todas as épocas tiveram boas intenções: Hitler, cheio de magníficas intenções, atropelou muitos povos e, por sua culpa, morreram milhões de pessoas nas câmaras de gás ou nos campos de concentração, ou nos paredões de fuzilamento, ou em imundas masmorras.

Indubitavelmente, esse monstro queria o triunfo da grande Alemanha e não poupava esforços de nenhuma espécie nesse sentido. Nero incendiou Roma em aras de sua arte, com místicas intenções de fazer ressonar a lira universalmente e lançava os cristãos aos circos romanos para que os leões os devorassem, com o anelo de livrar seu povo do que ele considerava uma epidemia ou uma calamidade, o Cristianismo.
O verdugo que executa uma ordem injusta, cheio de magníficas intenções, assassina seu semelhante.

Milhões de cabeças rolaram na guilhotina durante a Revolução Francesa e os verdugos trabalharam com magníficas intenções, porque queriam o triunfo do povo. Robespierre, cheio de magníficas intenções, levou muitos inocentes ao cadafalso. Não devemos esquecer o que foi a Santa Inquisição. Então, os inquisidores, com magníficas intenções, condenaram muitos infelizes à fogueira, ao potro, ao martírio. Quero, pois, que vocês, senhores e senhoras, compreendam que o importante são as boas obras e não as boas intenções, que podem ser mais ou menos equivocadas. Os senhores do carma, nos Tribunais da Justiça Objetiva, julgam as almas por suas obras, pelos fatos concretos, claros e definitivos, e não pelas boas intenções.
Os resultados são sempre os que falam. De nada serve ter boas intenções, se os fatos são desastrosos.

P. – Mestre, qual é o procedimento a seguir para me libertar dos defeitos psicológicos que martirizam tanto nossa mente?

V.M. – Honorável público! É urgente, inadiável, impostergável aniquilar o ego, reduzi-lo a cinzas de forma voluntária e consciente, se é que de verdade queremos evitar o descenso aos mundos infernos. Quero que os senhores saibam que, na relação com as pessoas, na convivência com nossos familiares ou com os companheiros de trabalho, etc., etc,. os defeitos escondidos afloram espontaneamente e, se nós nos encontramos em estado de alerta percepção, alerta novidade, então os vemos tal qual são em si mesmos. Defeito descoberto deve ser submetido judiciosamente à análise, à meditação profunda, com o propósito de ser compreendido de forma íntegra, unitotal.

Não basta compreender um defeito, deve-se ir ainda mais fundo; é indispensável auto-explorar-nos, encontrar as íntimas raízes do defeito que compreendemos, até chegar ao seu profundo significado.

Qualquer centelha de Consciência nos pode iluminar de imediato e, em milésimos de segundo, capturar realmente o profundo significado do defeito compreendido.Eliminação é diferente. Alguém poderia ter compreendido algum erro psicológico e até ter penetrado em seu profundo significado e, não obstante, continuar com ele nos diferentes departamentos da mente. Não é possível ficar livre de tal ou qual erro sem a eliminação.

Esta última é vital, cardeal e definitiva, quando se quer morrer de instante em instante, de momento em momento. Não obstante, não é com a mente como podemos extirpar erros. Com o entendimento podemos rotular nossos diversos defeitos psicológicos, pondo-lhes distintos nomes, passando-os de um a outro nível do subconsciente, escondendo-os de nós mesmos, julgá-los, desculpá-los, etc., etc., mas não é possível alterá-los fundamentalmente, nem extirpá-los.

Necessita-se de um poder superior à mente, necessitamos apelar a uma potência transcedental, se é que de verdade queremos eliminar erros e morrer em nós mesmos, aqui e agora.Afortunadamente, tal poder superior se encontra latente em todas as criaturas humanas. Quero referir-me ao Kundalini, a Serpente Ígnea de Nossos Mágicos Poderes.
Em plena cópula química podemos suplicar à nossa Mãe Divina particular elimine aquele erro psicológico que não somente compreendemos, senão que, além disso, sentimos seu profundo significado.

Podeis estar seguros de que nossa Mãe Cósmica particular, empunhando a lança de Eros, ferirá de morte o agregado psíquico que personifica o erro que necessitamos eliminar.

É precisamente esta hasta santa, emblema maravilhoso da energia criadora, a arma com a qual Devi Kundalini eliminará de nós mesmos, aqui e agora, o defeito que queremos aniquilar.

Naturalmente, a eliminação destes agregados se realiza de forma progressiva, pois muitos deles processam-se nos 49 níveis do subconsciente.
Isto significa que qualquer defeito psicológico é representado por milhares de agregados psíquicos que se gestam e se desenvolvem nos 49 níveis subconscientes da mente.

Alguém poderia não ser fornicário na zona intelectual e, não obstante, sê-lo nas zonas mais profundas do subconsciente.

Muitos místicos que foram sumamente castos no nível meramente intelectivo e até em 20 ou 30 níveis subconscientes fracassaram em níveis mais profundos, quando foram submetidos a provas esotéricas.

Alguém poderia não ser ladrão no nível meramente racional e até em 48 níveis subconscientes e, não obstante, sê-lo no nível 49.

Assim, pois, os defeitos são polifacéticos e sujeitos muito santos podem ser espantosamente perversos nos níveis mais profundos da subconsciência. Através de provas esotéricas, os iniciados se autodescobrem. Os fracassos nas provas assinalam, indicam os diversos estados psicológicos em que nos encontramos.

P. – Venerável Mestre, poderia dizer-nos como podemos realizar estes trabalhos os que estamos solteiros?

V.M. – Distintos senhores e senhoras! A lança de Eros, a hasta santa sempre pode ser manejada por Devi Kundalini, nossa Divina Mãe Cósmica particular. Entretanto, há diferença entre casados e solteiros. Quando a hasta é manejada durante o transe sexual, tem um poder elétrico maravilhoso muito superior.
Quando a lança não é utilizada durante o transe erótico, possui um poder maravilhoso, porém inferior.

O solteiro, a solteira, pode também avançar, ainda que seu trabalho seja um pouco mais lento; contudo, casando-se, o trabalho se fará mais forte, mais poderoso no sentido completo da palavra. Solteiros e solteiras podem avançar até certo ponto profundamente definido pela natureza. Mais além desse limite, não é possível avançar sem a magia sexual”.

A MORTE MÍSTICA
(Samel Aun Weor)

“Muito é o que temos sofrido com os membros do Movimento Gnóstico. Muitos juraram fidelidade diante da ara dos Lumisiais e prometeram solenemente trabalhar na Grande Obra até a total Auto-Realização. São muitos os que choraram jurando não se retirarem do Movimento Gnóstico jamais, porém, é doloroso dizê-lo, tudo foi em vão. Quase todos fugiram para se tornarem inimigos... Blasfemando, fornicando e adulterando, se foram pelo caminho negro. Realmente, estas terríveis contradições do ser humano são devidas a que o ser humano tem um fundamento fatal e uma base trágica. Tal fundamento é a pluralidade do eu, a pluralidade da catexe solta que todos levamos dentro.“

É urgente saber que o eu é um conjunto de energias psíquicas, catexes soltas, que se reproduzem nos baixos animais do homem. Cada catexe solta é um pequeno eu que goza de certa auto-independência.

Esses eus, essas catexes soltas, lutam entre si. Devo ler um jornal, diz o eu intelectual. Vou dar um passeio de bicicleta diz o eu do movimento. Tenho fome, declara o eu da digestão. Tenho frio, diz o eu do metabolismo. Não me impedirão, exclama o eu passional em defesa de qualquer uma destas catexes soltas.

Total: o eu é uma legião de catexes soltas. Estas catexes soltas já foram estudadas por Franz Hartmann. Vivem dentro dos baixos fundos animais do homem. Comem, dormem, reproduzem-se e vivem às expensas de nossos princípios vitais ou catexe livre: energia cinética muscular e nervosa. Cada um dos egos que em seu conjunto constituem a catexe solta se projeta nos diferentes níveis da mente e viaja ansiando a satisfação de seus desejos. O eu, o Ego, a catexe solta, não pode se aperfeiçoar jamais.

O homem é a cidade das nove portas... Dentro desta cidade vivem muitos cidadãos que sequer se conhecem. Cada um de seus cidadãos, cada um de seus pequenos eus, tem seus projetos e sua própria mente. Eles são os mercadores que Jesus teve de expulsar do templo com o látego da vontade. Tais mercadores devem ser mortos.
Agora, fica explicado o porquê de tantas contradições internas no indivíduo. Enquanto a catexe solta existir, não poderá haver paz. Os eus são a causa causorum de todas as contradições internas. O eu que jura fidelidade à gnose é substituído por outro que a odeia. Total: o homem é um ser irresponsável que não tem um centro permanente de gravidade. O homem é um ser não acabado!

O homem ainda não é homem. Ele é tão somente um animal intelectual. É um erro muito grande chamar-se a legião do eu de alma. Na realidade e de verdade, o homem tem dentro de sua essência o material psíquico, o material para fazer a alma, porém ainda não a tem.

Os evangelhos dizem: De que te serve ganhar o mundo se vais perder a alma? Jesus disse a Nicodemus que era preciso nascer da água e do espírito para gozar dos atributos que correspondem a uma alma de verdade. É impossível fabricar-se a alma se não passamos pela Morte Mística.

Só com a morte do eu se pode estabelecer um centro permanente de consciência dentro da nossa própria essência interior. Dito centro é isso que se chama alma. Só um homem com alma pode ter verdadeira continuidade de propósito. Só em um homem com alma deixam de existir as internas contradições, então há verdadeira paz interior.
O eu gasta torpemente o material psíquico, a catexe, em explosões de ira, cobiça, luxúria, inveja, orgulho, gula e preguiça. É lógico que enquanto não houver um acúmulo de material psíquico, catexe, a alma não poderá ser fabricada. Para se fabricar alguma coisa, precisa-se de matéria-prima. Sem matéria-prima, nada pode ser fabricado porque do nada, nada sai.

Quando o eu começa a morrer, a matéria-prima começa a se acumular. Quando a matéria-prima começa a ser acumulada, inicia-se o estabelecimento de um centro de consciência permanente. Quando o eu estiver totalmente morto, o centro de consciência permanente ficou completamente estabelecido.
A matéria-prima é o capital que se acumula com a morte do Ego, já que o gastador de energia foi eliminado. Assim é como se estabelece um centro permanente de consciência. Esse centro maravilhoso é a alma.

Só pode ser fiel à gnose, só pode ter continuidade de propósito, quem estabeleceu dentro de si um centro permanente de consciência. Quem não possui dito centro pode estar hoje na gnose e amanhã contra ela. Hoje em uma escola e amanhã em outra. Este tipo de gente não tem existência real.

A morte mística é uma área árdua e difícil da revolução da dialética.
A catexe solta dissolve-se à base de rigorosa compreensão. A convivência com o próximo, o tratamento com as pessoas, é o espelho onde podemos nos ver de corpo inteiro. No trato com as pessoas, nossos defeitos escondidos saltam para fora, afloram, e se estamos vigilantes os vemos.
Todo defeito deve ser primeiramente analisado intelectualmente e depois estudado com a meditação.

Muitos indivíduos alcançaram a perfeita castidade e a absoluta santidade do mundo físico, porém mostraram-se grandes fornicários e espantosos pecadores quando foram submetidos à prova dos mundos superiores. Eles tinham terminado com seus defeitos no mundo físico, porém em outros níveis da mente continuavam com suas catexes soltas.

Quando um defeito é totalmente compreendido em todos os níveis da mente, sua correspondente catexe solta se desintegra, isto é, morre um pequeno eu.
Torna-se urgente morrer de instante a instante. Com a morte do eu nasce a alma. Precisamos da morte do Eu Pluralizado de forma total para que a catexe ligada, o Ser, se expresse em sua plenitude.

“Só se estudando minuciosamente a catexe solta, o eu, podemos dissolvê-lo totalmente. Devemos observar minuciosamente os processos do pensamento, as diferentes funções do desejo, os hábitos que conformam a nossa personalidade, os sofismas de distração, a falácia do Ego e nossos impulsos sexuais. Há que se estudar como tudo isto reage diante dos impactos do mundo exterior e se ver como se associam. Compreendidos todos os processos da catexe solta, do Eu Pluralizado, ela se dissolve. Então, só se manifesta dentro e através de nós a divindade”. ( VM. Samel Aun Weor ).

Após a leitura deste texto clique aqui, assista aos vídeos e faça uma sintese de assunto do tema 11.

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