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Como professor de física tenho lido, refletido e ensinado aos meus alunos acerca da revolução que vem lentamente ocorrendo através das novas concepções da física; que vem mudando profundamente nossas visões de vida e do universo. A concepção quântica vem tirando do homem a visão superficial de vida efêmera do mundo mecanicista de Descartes e de Newton, para conduzí-lo a uma visão cosmológica de Einstein, de Huberto Rhoden e do Dr. Samael Aun Weor, muito mais profunda, holística e ecológica.
As mudanças de paradigmas para Kuhn ocorrem sob a forma de rupturas descontínuas e revolucionárias e representam uma transformação cultural. As mudanças de paradigmas ocorrem em todas áreas do conhecimento humano: nas ciências, na cultura, nos esportes, etc, e refletem em toda sociedade.
Um paradigma tem seu ponto de partida e de chegada e, quando vai chegando ao fim é porque vai sendo substituído por outro, após haver predominado por muito tempo. O paradigma cartesiano, que na física é newtoniano já vai se indo, após haver dominado a nossa cultura centenas de anos, aonde moldou a sociedade ocidental, influenciou o mundo inteiro. Esse paradigma é calcado no antropocentrismo centrífugo, que concebe o universo como sendo um sistema casual, automático, composto de sistemas fragmentados. Ele visualiza o micro, o meso e o macro-cosmo, como sendo máquinas, totalmente destituídos de qualquer princípio organizativo inteligente. A vida em sociedade é concebida como sendo uma luta competitiva pela existência e a crença no progresso material é ilimitado. Tal progresso deve ser obtido por intermédio de um crescimento econômico feito a custo do sacrifício dos desvalidos, para proporcionar concentração de renda nas mãos de poucos, em decorrência do mais valia.
O novo paradigma que já vai substituindo gradativamente os princípios antropocêntricos é de natureza econcêntrica, e é denominado de concepção holística do cosmos, por conceber o universo como uma totalidade integrada, onde as unidades funcionam simultânea, interdependente e integradamente e não como um conjunto desconexo de partes dissociadas.
Na visão ecocêntrica há o reconhecimento da interdependência fundamental de todos os fenômenos; onde também há o encaixe e interdependência dos homens nos processos cíclicos da natureza. Aí os sistemas vivos possuem conexões vitais com o meio ambiente e se sustentam reciprocamente.
A Ecologia Profunda já é um movimento popular global, que vai sendo conhecido por muita gente e está rapidamente adquirindo preponderância. Arne Naess fundou escola filosófica ecocentrista, no início dos anos 70, dando distinção entre "Ecologia Rasa", a ecologia convenciona e "Ecologia Profunda", a ecologia revolucionária. Onde fica claro que a Ecologia Convencional é muito superficial e antropocêntrica, por estar centralizada no ser humano. Para ela os seres humanos estão situados acima ou fora da natureza, como sendo a fonte de onde emergem todos os valores, tendo no meio ambiente e nos demais seres vivos apenas um valor de objeto de uso.
Na Ecologia Profunda os seres humanos não se separam das outras coisas do meio ambiente natural, sejam elas de natureza vegetal, animal ou mineral. Para ela o mundo não se constitui numa coleção de objetos isolados, mas numa rede de fenômenos cósmicos interconexos, simultâneos e interdependentes. A ecologia profunda compreende que cada ser vivo se constitui numa pérola muito valorosa engastada no colar da Teia da Vida da Terra Viva; reconhece o valo intrínseco de cada ser vivo e vê o ser humano apenas como um fio particular desta teia da vida.
Devemos nos reeducarmos convenientemente para adquirir consciência ecológica profunda, o que significa experimentar e compreender a realidade da sensação de pertinência e de interconexidade com a Unidade Absoluta do universo cósmico, ser diversidade na unidade, ser uno com o todo, nos moldes do Novo Paradigma Quântico.
As escolas devem abordar em seus currículos a Ecologia Profunda, para construir a Cultura da Paz e Não Violência na Terra: paz ambiental, escolar e social, por intermédio do combate à violência na causa. Nossas escolas devem ensinar aspectos importantes do novo paradigma ecológico, fazendo suas abordagens dentro de uma visão ecológica coerente com o holismo cósmico.
Nossa natureza tem sido dramaticamente violentada por uma sociedade homemoidal fundamentalmente antiecológica, decorrentes de nossas estruturas sócio-econômicas estarem solidificadas no neocapitalismo que engendra sistemas ideológicos dominadores, que geram explorações antiecológicas, traduzidas no patriarcado, no imperialismo, no racismo, no escravagismo.
As mudanças de paradigmas só poderão se dar por meio da revolução da consciência ecológica, com base nos três fatores de revolução da consciência. Isto ampliará nossa capacidade de registro das nossas percepções do holismo do universo, mudando nossas maneiras de pensar e sentir a natureza, como forma de qualificarmo para o amanhecer da galáxia, segundo o paradigma maia.
Numa sociedade capitalista como a nossa é amedontrador para maioria das pessoas conceber mudanças de paradigma, para atingir valores centrípetos mais equilibrados; principalmente aqui no Brasil, onde levar vantagem em tudo é a lei, o que reforça a competitividade, a individualidade e egoísmo, em detrimento da solidariedade e do altruísmo; onde muitos são favorecidos, privilegiados, recebem recompensas econômicas e poderio político.
A síndrome do medo exacerbado imposta pelo ego, nesta Idade de Ferro que vivemos, leva o homemóide à aquisição de poder excessivo de dominação sobre os demais. Se as estruturas políticas, militares e corporativas fossem hierarquicamente organizadas para servir ao próximo seriam toleráveis; mas, para defender a ideologia da estrutura de poder, para manutenção de privilégios à camada dominante, se constitui em algo criminoso e absurdo. Ninguém desejaria poder para si mesmo, se não possuísse o germe egóico do medo da inferioridade. Para pessoas investidas de poder, as mudanças de paradigmas, de valores trazem em seu bojo o medo existencial.
Portanto, para o exercício do poder, mais apropriado para o novo paradigma, seria o poder como influência de outros. A estrutura ideal para exercitar esse tipo de poder não é a hierarquização das funções, mas uma rede intrincada de convergência ecocêntrica, que é também, ao mesmo tempo, a metáfora central da Ecologia Profunda. A mudança de paradigma passa também por uma mudança na organização social, mudando de hierarquias para redes; indo de uma relação de poder hierárquico para uma rede dialógica.
O homemóide antropocêntrico, antiecológico, de natureza egocêntrica, violentou a natureza e nos colocou num beco-sem-saída ; nos deixou diante de uma série de problemas globais, por intermédio de violências múltiplas que prejudicam a biosfera e a vida microcósmica, de modo alarmante e quase irreversível.
A humanidade chegou a esse nefasto estágio de descosmificação em razão do hipertrofiamento do ego, por causa do paradigma que configurou a sociedade ocidental com fundamento no antropocentrismo centrífugo, induzindo as pessoas do mundo inteiro a uma cultura de devastação ambiental e social.
O paradigma centrífugo - que deu base à desconexão entre microcosmo hominal e o mesocosmo terrestreal, tirando-lhe a compreensão do holismo transcendental dos cosmos - consubstancializa-se em idéias e valores periféricos que ofuscam a percepção da realidade e a visão do holismo univérsico, para conceber o universo como sendo um sistema mecânico, automático e casual.
Assim caminhou a humanidade através dos tempos, afastando cada vez mais do centro de si mesma, concebendo o micro e o mesocosmo como sendo uma máquina desprovida de valores transcendentais. O centrífugo antropocêntrico deu ao homemóide egocêntrico uma conformação egóica, uma visão da vida em sociedade com sendo uma luta competitiva pela existência, onde o lucro é que interessa e a crença num progresso material ilimitado a ser alcançado pelo crescimento econômico emergente de uma ciência desprovida de consciência.
Gradativamente, ainda que muito lento, os valores antiquados do velho paradigma do antropocentrismo vão perdendo força e um novo paradigma do despertar da consciência ecológica vai aparecendo, trazendo uma visão holística do cosmo, que concebe o mundo como um todo integrado e não como uma reunião de partes dissociadas. Esta percepção profunda dos fenômenos ecológicos está associada a uma escola filosófica, acoplada a um movimento global que é denominado Ecologia Profunda.
As ciências ambientalistas convencionais são superficiais, centrífugas e antropocêntricas. Vêem o homem como centro do cosmos, acima ou fora da natureza, como uma fonte de onde convergem todos os valores e concebe a natureza como sendo um objeto de uso, um instrumento de satisfação de seus prazeres. Por outro lado, a Ecologia Profunda não desconecta o Homem sapiens dos outros seres vivos e dos seres bruto do ambiente natural. Isto permite a ela enxergar o universo como sendo uma teia de fenômenos cósmicos inter-relacionados, simultâneos e interdependentemente, onde todos estes seres vivos e seres brutos estão inseridos nos processos cíclicos da natureza e dependem deles.
A Ecologia Profunda é uma ciência de religação do homem ao cosmos, sabendo-se que os cosmos se reduzem aos universos relativo e absoluto, onde a diversidade se entrelaça com a unicidade, para configurar a onisciência, onipresença e a onipotência em todas as coisas. Portanto, a Ecologia Profunda se faz presente em todas as ordens religiosas, com sua esplendorosa gnosiologia, seja místicos cristãos, budistas, no islamismo, na filosofia, na cosmologia, no antropologismo, etc. A Ecologia Profunda é de perfil holosótico, está inserida na cosmovisão maia e foi intensamente vivida na América Précolombiana.
A Ecologia Profunda reconhece o valor inerente da vida que gira ao redor vida humana. Pois considera que todos os seres dos reinos: mineral, vegetal e animal são membros do mesmo Oikos, do mesmo Lar Terrenal, onde toda a comunidade se interliga numa rede de interdependências. Se os homens despertassem a consciência para esta realidade fenomenológica uma nova ética ambiental e social de valores holísticos emergiria.
Há necessidade de uma completa revolução nas ciências convencionais, recheadas de materialismo centrifuguista que se colocam a serviço da morte e não da vida, uma vez que a maior parte do trabalho dos cientistas e do povo em geral não é em função de promover e de preservar a vida, mas sim destruí-la. Desta forma os físicos trabalham a serviço da criação de sistemas bélicos, criando armas e artefatos belicistas o bastante para extinguir a vida do nosso planeta. Os químicos trabalham criando substâncias que contaminam o meio ambiente e matam a vida. Os biólogos e os engenheiros do geneticismo inconsciente estão criando novos e desconhecidos microorganismos sem a devida consciência desperta para saber das conseqüências. Biólogos, médicos, psicólogos e outros cientistas torturam animais cobaias, infringindo-lhes dores, desespero e todo tipo de sofrimento, cometendo o pior dos absurdos em nome de um pseudoprogresso cientifico.
Os valores éticos são fundamentais para a Ecologia Profunda, no sentido de revolucionarem a consciência ecológica do ente social, elevando-o do senso comum, traduzido pelo velho paradigma antropocêntrico da ecologia convencional, à consciência holística do novo paradigma da Ecologia Profunda. O velho paradigma está baseado em valores antropocêntricos, isto é, é centralizado no ser humano como sendo o centro do universo, o que deu sustentação às agressões e violência à natureza, levando o mesocosmo ao caos, criando uma geração do medo, do temor.
Por outro lado, a Ecologia Profunda está embasada no novo paradigma de valores ecocêntricos, isto é, centralizado na Terra, traduzido numa visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não só humana, mas também de todos os seres vivos e não vivos. Porque todos os seres vivos e os não vivos são membros de uma mesma casa, a Terra, espalhados através das comunidades ecológicas, que estão ligadas umas às outras numa rede de interdependências, interconexidade e simultaneidade.
Quando o ser humano despertar a consciência para o holismo do mesocosmo, terá tido acesso à percepção ecológica profunda, o que fará parte de sua consciência cotidiana e dai emergirá um novo sistema ético, revolucionário transcendental.
Faz-se urgente à emergência de uma ética ecológica profunda de uma ecoética, nos dias de hoje, fundamentalmente no campo das ciências físicas, químicas e biológicas, levando em consideração que a maior parte dos cientistas fazem ciência sem consciência, atuando a serviço da morte, destruindo a vida, como os físicos que projetam armamentos para eliminar a vida do planeta, como os químicos que estão contaminando o meio ambiente com os produtos químicos antiecológicos, como os biólogos que estão criando tipos desconhecidos de microorganismos e cruzando animais sem saber prever as conseqüências destes atos, como os filósofos, os psicólogos, políticos, juristas e outros cientistas que estão impondo sofrimento aos povos, torturando e matando animais em nome da evolução social e científica.
Naess propôs a Ecologia Profunda, em 1973, se inspirando nos pensamentos ecofilosóficos de Henry Thoreau e de Aldo Leopoldo, contidos na Ética Ambiental, numa resposta a visão dominante acerca do uso dos recursos naturais. Arne denominou de Ecologia Profunda por que esta demonstra profundamente a sua distinção frente ao paradigma dominante, traduzido na Ecologia Convenciona, de configuração muito superficial. A Ecologia Profunda concebe o homem em harmonia com os seres vivos e com a natureza, enquanto que Ecologia Convencional, vê o homem como um ser que domina os outros seres vivos e a natureza, com base em valores egóicos.
Na Ecologia Profunda, toda natureza possui um valor intrínseco transcendental. Para o paradigma convencional o ambiente natural tem valor enquanto fonte de recursos naturais para uso dos seres humanos. Para as ciências do paradigma convencional, os seres humanos são superiores aos demais seres vivos. Enquanto que para as ciências do paradigma revolucionário da Ecologia Profunda, todos os seres humanos representam apenas uma das espécies de seres vivos, em total igualdade, na Teia da Vida, com todas as outras espécies de seres vivos, no que tange a existência.
O paradigma convencional materialista concebe o crescimento econômico e material como sendo base do crescimento humano; enquanto que as metas materiais estão a serviço de objetivos transcendentais de auto-realização do ser. O paradigma convencional apregoa a crença em amplas reservas de recursos naturais. Ao passo que para o paradigma revolucionário, o planeta possui recursos limitados.
O antropocentrismo centrífugo visualiza o progresso e soluções para problemas baseados em alta tecnologia, que demandam gastos de muita energia. Já o novo paradigma concebe uma tecnologia apropriada, fruto de uma ciência com consciência. Do materialismo sustentado pelo paradigma convencional emanou o consumismo, a desigualdade material, a violência e o medo. Por falta de conexão entre homem e natureza apareceram os descartáveis que, por sua vez, conduz à devastação da natureza. Já para a Ecologia Profunda o homem faz uso só daquilo que é necessário, reciclando sempre os recursos não-renováveis.
Nesta etapa da vida, na Idade de Ferro, a formação antropocêntria, contida no paradigma mecanicista, contribui para sucumbir os 7 bilhões de seres humanos do planeta ao abismo das frias moites de travessia, na transição planetária. Aqueles poucos que venham construir a sua transformação interna, mudando de paradigma, passando do mecanicismo para o holismo, vão se qualificar para estarem presente no amanhecer da galáxia, para viverem na Idade de Ouro do novo Ano Sideral que se aproxima.
Livros do Prof. Maurício |
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