O ANO DE 2012 NA PERPECTIVA HOLOSÓTICA
(Profº Maurício da Silva)

Do grego holos significa todo, inteiro, integral, totalidade, realidade. O prefixo holos integra o novo paradigma holístico, representa uma resposta inteligente à crise de fragmentação dos saberes, que embasa a dissociação dos componentes da realidade, que impõem a ignorância à humanidade, ameaçando a sua própria continuidade. O modelo holístico leva em conta o movimento dinâmico entre o todo e as partes, reconstituindo a dialética real da verdade de todas as coisas sustentadas na binaridade dos fenômenos e nas leis da mecânica do Universo Relativo, onde a realidade, a totalidade, a verdade, se configuram sobre o substrato da complementaridade.

A lógica antropocêntrica fragmentou a verdade, proporcionado a separatividade de todas as coisas e dificuldade na leitura da verdade. Isto possibilitou o aparecimento das enumeras religiões, partidos políticos, ordens, seitas, etc. que no âmago de buscarem a inteireza das coisas, a verdade e a paz, acabaram criando confusão e contribuído ainda mais para cultura da violência e da insustentabilidade da vida.

O novo paradigma holosótico vem surgindo, à medida que o  paradigma antropocêntrico revelou-se insatisfatório, perante a nova realidade dos novos tempos. Os erros provocados pelo antropocentrismo provocaram uma crise humana perigosa. Vivenciamos uma crise multidimensional em sua abrangência e sem precedentes na história humana. Esta crise é decorrente da fragmentação do conhecimento, que promoveu a desvinculação entre o homem e os valores de sustentabilidade da vida.

O conhecimento integrado fragmentou-se em disciplinas estanques, fragmentando a  inteireza da vida. O homem de ego hipertrofiado ampliou os conflitos internos e externos em função das fronteiras artificiais  gestadas pela ação antropocêntrica, que ameaça rotundamente  a continuidade biológica da espécie humana.

A visão holística apresenta uma resposta inteligente à crise global gerada pela visão antropocêntrica. O paradigma holístico teve como ponto de partida o postulado evidenciado por Jan Smuts (1926) do continuum matéria-vida-mente. A abordagem holística  é inclusiva,  integrativa, ao considerar interdependência entre as partes e o todo, numa cosmovisão, que considera a dinâmica todo-e-as-partes. Cada gota de água é um elemento de um oceano, é um componente daquele todo, que ao separar-se do oceano se transforma numa parte deste.  Neste evento ela traz em seu bojo todas as propriedades do oceano,  que por sua vez reflete e contém todas as propriedades da gota. É uma visão na qual o todo está nas partes e vice-versa.

A abordagem holística da realidade se fundamenta na holologia e na holopráxis. A holologia consiste na teoria da experimentação do modelo holístico, consoante a critérios científicos rigorosos. A holopráxis consiste num conjunto de métodos experienciais que conduzem à vivência holística.

A educação holística nos permite extirpar todos os elementos antropocêntricos que esfacelam o conhecimento e a vivência humana. O objetivo da formação holosótica é combater o caráter fragmentado do ser humano, reintegrar o ente humano à percepção e vivência do todo, que é o fundamento básico da visão holística.

 O trabalho do despertar com os Três Fatores de Revolução da Consciência, proposto pela Psicologia Revolucionária, dirige cada um dos educandos para o desenvolvimento do seu equilíbrio pessoal e harmonia consigo e com o universo vivo. Transformando o educando para um novo modo de ser, de perceber, de pensar, de sentir e de agir. Onde ele perceber a totalidade a partir dos seus diversos aspectos, fatores que lhe capacitará para o mega evento do amanhecer da galáxia.

O estudo e vivência do conhecimento gnoseolístico leva o estudante a tornar-se mais consciente de si mesmo, ao habilitá-lo a ser o condutor de seu próprio caminho, ao dar-lhe uma visão integrada e holística do cosmos,   que o conduz a integração do ser. O processo do despertar da consciência holística  e da integração intrapessoal leva o ente humano a se relacionar melhor com a natureza, com os seus semelhantes e consigo mesmo.

Desde os primórdios, dialeticamente, o Bem e o Mau se confrontaram, por serem holisticamente partes complementares, no mundo da relatividade. Assim, os seres humanos foram construindo a cultura da paz, enquanto que os seres desumanos foram construindo a cultura da violência. "Portanto, fiquemos alertas, alertas em duplo sentido. Desde Auschwitz nós sabemos do que o ser humano é capaz. Recordem a Hiroshima para saber do que este homem antropocêntrico é capaz".

Vivemos, em pleno século XXI, um período de ambigüidade, ao mesmo tempo aterrador e maravilhoso, onde morte e vida se aglutinam, num continuo espasmo de dor e plenitude. A cada momento é possível perceber o avanço da possibilidade de se despertar a consciência, de avanço do conhecimento, determinando uma espantosa aceleração de mudanças, tantos em direção à humanização hominal, para fazer parte do amanhecer da galáxia, como em direção à desumanização homemoidal, para ficar nas trevas que antecedem ao Novo Dia Galáctico.  

Assim cada ser humano vai escolhendo o seu caminho: o da violência ou o da paz. Os resistentes ao despertar da consciência, são adeptos do passado e do já conhecido, que possuem medo do avanço em direção ao desconhecido, acabam sendo soterrados, excluindo-se da civilização da paz que atravessar a noite sombria para chegar ao Novo Amanhecer da Galáxia. Pois somente aos revolucionários da consciência  é dada por herança a plenitude das conquistas. Ser contemporâneo a si mesmo, vivenciar a filosofia da instantaneidade,  é extremamente difícil e se constitui num imenso desafio do nosso momento histórico. Na trajetória da vida, caminhamos da idade da razão cartesiana, para a idade da consciência Maia no mais amplo sentido.

A nova idade da consciência holística exige seres contemporâneos a si mesmos, qualificados para o vivenciamento da inteireza dos fatos. Onde o indivíduo antropocêntrico de consciência mutilada, fragmentado na mente e no coração, será automaticamente extirpado do futuro descrito pelos maias, por incompetência de viver o presente, removido para o museu do passado. Apenas os inteiros estarão preparados para os novos desafios da Nova Era. Por essa razão, o termo-chave é holístico, proveniente do grego holos, que significa inteiro, total. A palavra “holística”, pelo desgaste do mau uso e do abuso, poderá ser substituída. O seu significado, entretanto, permanecerá.

O mundo de hoje, fundamentado no paradigma antropocêntrico, já está esfacelado em conseqüência do conhecimento fracionado, alojado em compartimentos estanques, destituído de um sentido maior, totalmente desvinculados da sagrada inteireza holística. Neste cenário, o movimento gnoseolístico avança em direção da totalidade, da realidade da verdade de todas as coisas, promovendo uma profunda revolta da inteligência, uma revolução da consciência, marchando suave e irreversivelmente, recrutando os mais sensíveis e atentos a mudanças, para composição do exército de construtores da cultura da paz que irão vislumbrar a aurora do amanhecer da galáxia.

O movimento gnoseolístico se constitui na esperança do devir para a humanidade. É uma resposta biológica e vital de perpetuação da espécie pensante da Terra, perante a ameaça de uma autodestruição global; se constitui num catalisador de transmutação no seio do qual está sendo gerado o ser humano da travessia. Cabe a todos nós lutarmos contra o fragmentalismo e enfrentar o desafio da inteireza, para que possamos construir o ente humano integral, vinculado na dimensão  da concidadania planetária, sustentada sobre o saber, sobre a paz e o amor. Pessoas das mais diversas origens, religiões e culturas, já estão abrindo os olhos da inteligência, despertando a consciência  e marchando em direção a inteireza dos fatos holísticos, visando habilitarem-se para o amanhecer da Nova Era Galáctica.
 
Um dos principais objetivos da Formação em Valores de Sustentabilidade da Vida consiste em  preparar líderes capacitados para o enfrentamento dos desafios do terceiro milênio. Proporcionar ao educando uma Formação Holística de Base,  que lhe permita assimilar os conhecimentos integradamente e incorporar a nova consciência gnoseolística. A nossa realidade quotidiana calcada no antropocentrismo, marcada pela violência descomedida, nos revela a causa da desagregação, através da desvinculação e da fragmentação que nos afasta dos valores transcendentais, nos afasta do todo, de Deus, da  Integração com o Universo. Daí torna-se urgente o desenvolvimento de uma consciência gnoseolística embasada em valores mais elevados. O Paradigma Holístico representa uma nova concepção do mundo, expressa uma nova atitude inovadora e influência várias disciplinas do conhecimento científico, entre elas a Física Quântica, Psicologia Transpessoal, etc.

A concepção  Holística reconhece a importância da mecânica das partes,  na síntese da totalidade, o que nos conduz ao respeito à natureza e à vida. A Holologia e holopráxis são dois fundamentos básicos da abordagem holística transdisciplinar. Holologia é a via intelectual e experimental destinada a adquirir o saber, através da análise e do conhecimento racional resultante da atuação ativa do hemisfério cerebral esquerdo, da racionalidade, da lógica e da abstração. A holologia desenvolve as funções psíquicas do centro intelectual, pensamentos, raciocínios, etc. e as do centro emocional,  que são responsáveis pelas sensações, pelos os sentimentos, etc. Já a Holopráxis se constitui no caminho vivencial destinado ao Ser. Para que o conhecimento se torne sabedoria é necessária a via experiencial, sintética, intuitiva e de mergulho na essência, para o desvelar do Ser. Através da holopráxis pode-se despertar o hemisfério cerebral direito e obter a percepção direta e imediata da mística. A holopráxis é responsável pelo desenvolvimento das funções psíquicas, tais como sentimentos superiores, pensamentos superiores, pelo amor e intuição.

A gnoseolística conduz-nos a uma cultura de paz e de sustentabilidade da vida por meio de uma visão holística transdisciplinar, onde o educando inicia a jornada do despertar, por intermédio do desenvolvimento integrado das quatro funções psíquicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Tudo isto se faz centrado nos estados da consciência: vigília, sonho, sono e transpessoal, para propiciar a abertura e a harmonização no plano individual.

O trabalho com os Três Fatores de Revolução da Consciência (TFRC) leva o estudante ao desenvolvimento do equilíbrio pessoal e da harmonia consigo e com o universo vivo. Pois provoca mudanças  do modo de ser, de perceber, de pensar, de sentir e de agir no aprendiz. A prática diária dos TFRC pelo aprendiz leva-o a tornar-se mais consciente de si mesmo, habilitando-o a ser o condutor de seu próprio caminho.

Pela visão gnoseolística podemos compreender a tendência que o universo possui de sintetizar unidades em totalidades organizadas. O homem integral é um todo indivisível. Ele não pode ser explicado integralmente através da lógica antropocêntrica, somente pelos seus distintos componentes físicos e psicológicos, considerados separadamente. Somente pode ser definido pela lógica Holosótica, que significa a visão da totalidade; pois não se pode ver apenas as fragmentações do todo, uma vez que tudo é interdependente e tudo se interliga e se inter-relaciona de forma global com o todo.

A formação gnoseolística possui uma didática perfeita que permite ao estudante dissolver, de dentro de si mesmo, os germes do ego responsáveis por  toda espécie de reducionismo científico, somático,  religioso, niilista, materialista, racionalista,  mecanicista,  antropocêntrico e outros. A palavra Holismo foi criada pelo filósofo sul-africano Jan Smuts (1870 - 1950), para explicar que a integralidade é uma característica fundamental do universo, produto do impulso de síntese da natureza.

O Dr. Pierre Weil, vice-presidente da Universidade Holística Internacional, principal mentor do movimento holístico no Brasil, estabeleceu a holologia e a holopraxis, como fundamentos complementares da holística e definiu a abordagem holística da realidade como sendo a tendência para se lançar pontes sobre todas as fronteiras de reducionismo humano. A holologia se relaciona ao enfoque especulativo e experimental da Holística,  que se destina à obtenção ou o desenvolvimento de uma compreensão clara e de uma interpretação correta da não-dualidade contida nos meios clássicos, ligados ao pensamento discursivo. Já a holopráxis  refere-se ao conjunto dos métodos e experiências de vivência direta do real pelo ente humano, além de qualquer conceito, representando o caminho vivencial para a experiência holística, de natureza transpessoal.

Uma mesmo vale pode ser visto a partir de diferentes montanhas, que quanto mais alta forem, mais se amplia a visão. Há muitas maneiras de ver a mesma coisa. Há muitas versões da mesma verdade. Porém, somente há uma só verdade! A Visão Holística nos permite enxergar com clareza, as versões da verdade e com inteireza a totalidade da verdade. Ela consiste num modo especial de ver o mundo, uma nova maneira de leitura do mundo de modo ecumênico, universal. A abordagem holística contempla todos os outros modos de leituras e de abordagens do mundo. Pela visão holística é possível enxergar todas as formas de leitura do mundo, os limites de cada uma, o universo fragmentado que cada uma vê como sendo a sua realidade, etc. Pela visão holística dá para se perceber a maneira fragmentada, com que os modos de leitura reducionistas vêem o mundo, através das diferentes religiões, do  antropocentrismo e de toda espécie de reducionismo científico, somático,  religioso, niilista, materialista, racionalista,  mecanicista,  antropocêntrico e outros. Pela visão holística dá para saber que o ego é a causa do subjetivismo, a  raiz de todo complicação humana, a chave da fragmentação, do reducionismo, do  antropocentrismo, do aparecimento das enumeras religiões, partidos, facções, etc. Pela visão holística dá saber que o ego é o fator de desintegração de tudo, de fragmentação, etc. e que pelos TFRC podemos promover a reintegração de tudo, segundo os princípios holísticos. Pela vivência dos fatos através da visão mecanicista iremos permanecer na fria e tenebrosa noite da travessia e não poderemos vislumbrar os raios de luz do Novo Ano Sideral. Pelo conhecimento e vivência da visão holística poderemos fazer a travessia da longa e tenebrosa noite e chegarmos ao local sagrado do amanhecer da galáxia.

Livros do Prof. Maurício